Os tumores cerebrais representam aproximadamente 35% de todos os cancros infantis e são a causa mais comum de morte por cancro.
De uma forma geral, como as crianças podem não ser capazes de comunicar aquilo que as aflige, este é um tipo de cancro difícil de diagnosticar; uma criança pode mostrar sintomas com base no facto do aumento da pressão dentro da cabeça ou devido à localização do tumor.
Sintomas que surgem devido ao aumento da pressão
- Dores de cabeça graves associadas a náuseas
- Visão turva
- Sonolência excessiva ou, em casos extremos, perda de consciência
- Perda de memória
Sintomas que surgem devido à localização do tumor
- Fraqueza
- Dificuldade em caminhar
- Dificuldade de concentração
- Convulsões.
- Dificuldade em engolir e/ou falar
Diagnóstico
Uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética cerebral são os testes atualmente utilizados para diagnosticar tumores cerebrais. Em certos casos, o paciente pode ser analisado recorrendo a uma angiografia por PET.
Os três tumores cerebrais infantis mais comuns são:
- Gliomas
Estes são os tumores cerebrais mais comuns em crianças, e podem variar entre astrocitoma pilocítico curável a glioblastomas altamente malignos; estes tumores podem afetar qualquer parte do cérebro.
A cirurgia é a base do tratamento e pode ser curativa no caso de astrocitomas pilocíticos; outros gliomas podem necessitar de mais radioterapia ou quimioterapia.
- Meduloblastoma
Este é a causa mais comum de um tumor cerebral maligno em crianças.
Os meduloblastomas surgem na parte traseira da cabeça e podem apresentar sintomas de pressão ou distúrbios da marcha / equilíbrio. Altamente malignos, e com tendência a disseminarem-se pela coluna vertebral, os meduloblastomas precisam de cirurgia seguida de radioterapia e quimioterapia.
Nos primeiros casos, é possível obter taxas de sobrevivência de até 80%.
- Craniofaringioma
Estes são tumores benignos com tendência a recidivar, que surgem na área da hipófise e se apresentam como distúrbios visuais ou hormonais.
Os craniofaringioma requerem cirurgia para remoção e podem precisar de mais radioterapia em certos casos. Estes tumores podem deixar a criança com déficits hormonais devastadores a longo prazo, como distúrbios no crescimento e produção excessiva de urina.
Como posso ajudar o meu filho a lidar com um diagnóstico de tumor cerebral?
O diagnóstico de um tumor cerebral pode ter um efeito devastador na família e na criança.
A família deve estar preparada para, não apenas, lidar com os efeitos imediatos do tratamento, mas também com a perda auditiva e visual a longo prazo, convulsões, dificuldades de aprendizagem e muito mais que a criança possa enfrentar, o que pode exigir cuidados e reabilitação a longo prazo.
Para ajudar o seu filho, é muito importante que os pais e cuidadores entendam os factos corretamente. Confiar em pesquisas aleatórias encontradas na Internet pode fornecer informações erradas ou até perigosas, daí que seja fundamental um bom entendimento com o médico oncologista que segue a criança.
Os pais também devem ser honestos com as crianças, embora os pormenores devam ser explicados em termos simples e adequados à idade; segundo especialistas, os pais devem dar o máximo de informações necessárias, mas não mais do que isso.
É crucial garantir às crianças que o tumor cerebral não é o resultado de algo que elas fizeram de errado e que é perfeitamente normal que elas fiquem zangadas ou tristes com esta situação.
É comum que os irmãos das crianças afetadas se sintam negligenciados, ciumentos e zangados quando a atenção está, quase exclusivamente, voltada para a criança doente. Por isso, é importante que os pais, mais uma vez, expliquem tudo o que se passa e que recorram a membros da família e amigos para ajudar a manter algum senso de normalidade quer nas crianças diagnosticadas quer nos seus irmaos.
E finalmente, por mais difícil que seja, os pais devem cuidar de si próprios, uma vez que, de acordo com especialistas, os pais que recebem o apoio de que precisam estão mais aptos a cuidar dos seus filhos.
Texto redigido por Anurag Gupta, médica neurocirurgiã no Fortis Hospital Vasant Kunj, na India
Fonte: Indian Express