FDA aprova novo fármaco de uso mais amplo para tumores cerebrais pediátricos comuns

A entidade que regula os medicamentos nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), concedeu recentemente uma aprovação acelerada para o fármaco Ojemda (tovorafenib) da Day One Biopharmaceuticals, como tratamento para pacientes com seis meses de idade ou mais com glioma pediátrico de baixo grau (pLGG) recidivante ou refratário. Em causa está um inibidor RAF tipo 2 a ser usado em tumores com fusão ou rearranjo do BRAF, ou mutação BRAF V600.

No mercado só há outro tratamento similar a combinação dos fármacos Tafinlar-Mekinist da Novartis, aprovado pela FDA no ano passado, que é permitido em pLGG, mas apenas para casos com mutações BRAF V600.

“Ojemda é o primeiro medicamento da Day One aprovado pela FDA para tratar pLGG marcado por fusões BRAF, e também é o primeiro produto comercial da Day One”, disse o CEO da farmacêutica, Jeremy Bender. As fusões de genes BRAF são muito mais prevalentes do que as mutações BRAF V600, destacou Samuel Blackman, igualmente da Day One.

O pLGG é a forma mais comum de tumor cerebral infantil. Cerca de um terço dos pacientes com pLGG podem ser submetidos à ressecção completa do tumor, após a qual 90% das crianças não necessitam de qualquer terapia adicional. E para a maioria das crianças para as quais a cirurgia por si só não consegue tratar a doença, pode-se administrar o Ojemda.

O Ojemda provou ser eficaz no Ensaio de Fase 2 FIREFLY-1. Entre 76 pacientes com eficácia avaliada, a melhor taxa de resposta geral do Ojemda foi de 51%, o que significa que o medicamento reduziu com sucesso os tumores nesses pacientes. As taxas de resposta foram de 52% e 50% para pacientes com fusões BRAF e mutações V600, respetivamente.

Mesmo entre aqueles que receberam uma terapia direcionada para a via MAPK – incluindo inibidores BRAF-MEK tradicionais, como o Tafinlar-Mekinist – o Ojemda desencadeou uma resposta em 49% dos pacientes. A duração da resposta, com base numa avaliação específica do pLGG, foi de 13,8 meses para o Ojemda.

Em março de 2023, os fármacos Tafinlar e Mekinist obtiveram aprovação da FDA com base numa taxa de resposta geral de 47% na mutação BRAF V600 pLGG, bem como numa redução de 69% no risco de progressão da doença ou morte, em comparação com a quimioterapia.

O Tafinlar pertence aos chamados inibidores BRAF tipo 1, que bloqueiam especificamente a forma V600 da mutação da proteína. Isto significa que esses medicamentos podem melhorar a sinalização do cancro e estimular o crescimento do tumor em casos de fusão BRAF, explicou Blackman. E o Mekinist é adicionado para reduzir esse “efeito de ativação paradoxal” prejudicial, enquanto aumenta a eficácia do regime terapêutico, explicou Blackman.

Em contraste, o mecanismo do Ojemda permite inibir as fusões e o V600 sem causar a ativação tóxica observada nos inibidores BRAF tipo 1, destacou o investigador. Outra vantagem do Ojemda é poder ser administrado uma vez por semana, enquanto o Tafinlar é administrado duas vezes ao dia.

A farmacêutica está, adicionalmente, a realizar o Ensaio randomizado de Fase 3 FIREFLY-2, no qual está a avaliar o Ojemda versus a quimioterapia como terapia de primeira linha em pacientes com idade entre os seis meses e os 25 anos. O ensaio começou no ano passado e ainda está a recrutar pacientes.

A Day One decidiu administrar o Ojemda como monoterapia, em vez de combiná-lo com quimioterapia, porque acredita que a quimioterapia não traz benefícios para os pacientes, disse Blackman. Em vez disso, a quimioterapia traz toxicidade e infusões mais complicadas.

“Projetámos este estudo com a comunidade de oncologia pediátrica para abordar especificamente a questão: ‘Uma terapia oral direcionada pode ser tão boa ou idealmente melhor que a quimioterapia?’ no longo prazo”, concluiu Blackman.

Fonte: Fierce Pharma

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