Tratamento

O tipo e a localização da doença oncológica, o tamanho do tumor, o facto de se disseminar por outras partes do corpo, criando metástases, a idade e o estado de saúde do paciente, são factores determinantes para a escolha do tipo de terapia a ser implementada.

As principais formas de tratamento da doença são a Quimioterapia, a Radioterapia, a Cirurgia e a Imunoterapia.

Em função dos factores supra citados, estas formas de tratamento podem ser associadas para responder mais eficazmente às necessidades terapêuticas de cada paciente. Neste sentido, o tipo de intervenção adoptado é avaliado caso a caso, tendo sempre em consideração uma análise real dos riscos e benefícios que o tratamento irá acarretar para a criança.

Em casos muito seleccionados revela-se necessário efectuar um transplante de medula óssea, do próprio doente ou de um dador compatível.

Para que o tratamento seja eficaz, é importante que a criança seja acompanhada por uma equipa multidisciplinar de especialistas que englobe oncologistas pediatras, cirurgiões pediatras, radiologistas, bem como enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e farmacêuticos.

O tratamento aplicado à criança não deve incidir somente sobre a doença e a recuperação do organismo, mas também sobre a sua qualidade de vida e bem-estar na sociedade, razão pela qual é essencial que ela tenha também, desde o início, um apoio psicológico e social não só por parte da família mas também da unidade hospitalar.

Onde

O Despacho n.º 3653/2016 – Diário da República n.º 50/2016, Série II de 2016-03-11 reconhece na área de Oncologia Pediátrica quatro Centros de Referência:

É para estes Hospitais que os Médicos de Família / Pediatras referenciam as crianças em caso de suspeita de cancro e onde estas crianças serão seguidas durante e pós tratamento.

Tipos de tratamento

A Quimioterapia tem como base o recurso a tratamentos químicos com o intuito de destruir, controlar ou inibir o crescimento das células malignas. Este tipo de tratamento pode ser utilizado antes ou após a intervenção cirúrgica, ou pode ainda ser articulado com sessões de radioterapia.

Quando é feito o tratamento com quimioterapia, os medicamentos são administrados, com maior frequência, por via intravenosa (numa veia periférica ou num cateter venoso central), por via oral ou por punção lombar. Pode ainda ser usada a via subcutânea ou intramuscular.

Através da sua acção sistémica, a quimioterapia actua nas células cancerígenas em qualquer região do corpo, bloqueando, assim, os processos de crescimento e divisão destas células e impedindo a sua proliferação. No entanto, uma parte negativa deste tipo de tratamento reside no facto dos medicamentos utilizados atingirem também as células saudáveis do corpo, sendo esta a causa dos efeitos secundários da quimioterapia.

A quimioterapia pode assumir objectivos distintos, dividindo-se em diferentes tipos: quimioterapia adjuvante, quimioterapia neo-adjuvante e quimioterapia paliativa.

A quimioterapia adjuvante é aplicada após outro tratamento com funções curativas, por exemplo, após uma cirurgia ou radioterapia. Tem como objectivo central bloquear uma possível disseminação de micrometástases, destruindo células tumorais que ainda possam existir no organismo e diminuir os riscos de doença residual.

A quimioterapia neo-adjuvante é um tratamento administrado antes da cirurgia ou da radioterapia, para diminuir o tamanho do tumor. Este tratamento é utilizado como forma de viabilizar a cirurgia ou permitir uma remoção mais eficaz da massa tumoral, reduzindo assim o número de células cancerígenas no organismo.

A quimioterapia paliativa é aplicada num estadio mais avançado da doença, quando já não há perspectiva de cura, e o seu objectivo é o controlo dos sintomas e a melhoria da qualidade de vida da criança.

A reacção dos doentes em idade pediátrica ao tratamento com quimioterapia difere de caso para caso.

A Radioterapia é um tipo de tratamento localizado que recorre a radiações de energia elevada para destruir as células cancerígenas, actuando apenas na região onde está (ou esteve) localizado o tumor, podendo ainda ser utilizada para prevenir uma possível recidiva (reincidência).

A radiação pode ser transmitida a partir do exterior do corpo, direccionada apenas para o local afectado pelo tumor (radioterapia externa), ou através de pequenos implantes de material radioactivo aplicados na zona tumoral (radioterapia interna ou braquiterapia).

Apesar do tratamento ser indolor, pode ser necessário o uso de sedativos ou anestesia para que o doente se mantenha imóvel durante a terapia.

Em certas situações, a Cirurgia pode ser o tratamento inicial, através da remoção, total ou parcial, do tumor. A cirurgia permite confirmar o diagnóstico, avaliar as dimensões do tumor e aliviar certos sintomas. Na maioria dos doentes pediátricos com tumores sólidos, a cirurgia é realizada após algum tratamento com quimioterapia, o que diminui o tamanho do tumor, e, portanto, o risco cirúrgico.

Os riscos da intervenção cirúrgica em casos de cancro dependem, na maioria das vezes, da localização do tumor e do estado de saúde do doente. Actualmente, existem meios e fármacos que permitem um alívio eficaz dos sintomas, nomeadamente da dor e desconforto.

Depois de uma primeira suspeita, e para confirmar o diagnóstico, a criança é geralmente sujeita a uma biópsia, que pode ser aspirativa (com agulha fina) ou cirúrgica (mediante uma operação).

A intervenção cirúrgica pode ainda ser necessária em diversas fases do tratamento e por motivos variados:

  • “second look” – tentativa de remover um “resíduo tumoral” que possa persistir após o tratamento de quimioterapia ou cirurgia;
  • “cirurgia de metástases” – depende do tipo de tumor e pretende remover outras lesões;
  • cirurgia de urgência – quando há complicações que advêm de efeitos secundários que surgem após o tratamento quimioterápico ou radioterápico;
  • recidivas locais – quando há um reaparecimento de células malignas no local da lesão primária;
  • colocação de cateter venoso
  • cirurgias reconstrutivas – tipo de intervenção após a cura, necessária sobretudo em crianças que ficaram com sequelas na sequência de cirurgia ou radioterapia;
  • cirurgias paliativas – raras em doentes pediátricos e são destinadas a diminuir a compressão do tumor sobre um órgão.

Imunoterapia, ou terapia biológica, é uma forma de tratamento que ajuda o sistema imunitário do doente, conferindo-lhe maior capacidade para combater o cancro.

O tratamento através da imunoterapia processa-se pela introdução de determinadas substâncias no organismo (as quais vão induzir o próprio sistema imunitário a produzir células de defesa contra a doença) ou através de anticorpos, produzidos em laboratório, que já são programados para destruir os tumores.

Este tratamento é normalmente introduzido por via endovenosa, para que possa circular através da corrente sanguínea, e de forma sistémica, podendo ser administrado em regime de ambulatório (consultórios médicos, clínicas ou hospitais).

A imunoterapia pode ser classificada em dois tipos distintos:
  • Terapia activa
    – ajuda a estimular respostas das células do sistema imunitário da pessoa contra a doença;
  • Terapia passiva
    – introdução de anticorpos, na maioria das vezes sintetizados em laboratório, para que auxiliem o sistema imunitário na sua função contra os ataques malignos.
Existem também dois tipos de imunoterapia que já são usados ou que estão em fase de estudo:
  • Anticorpos monoclonais – são produzidos de forma artificial, em ambiente laboratorial. O tratamento visa acoplar estes anticorpos às células cancerígenas, impedindo o seu crescimento;
  • Imunoterapias não específicas –  esta forma de tratamento procura melhorar as funções do sistema imunitário.

As terapias complementares devem ser vistas como complementares às terapias convencionais tais como a quimioterapia, radioterapia e cirurgia e não como uma alternativa.

Estas terapias complementares são geralmente usadas como forma de minorar os efeitos secundários comuns tais como náusea, vómitos, cansaço e dor mas também as menos faladas depressão e ansiedade. As terapias complementares poderão ajudar na redução da ansiedade e a relaxar.

Existem muitos tipos de terapias complementares tais como a acupuntura, aromoterapia, homeopatia, massagens, mindfulness, reflexologia, reiki, entre outras.

Peça conselho ao médico pois algumas destas terapias poderão interferir com o tratamento convencional.