Um estudo recente publicado na revista Pediatric Research e realizado na Rússia teve como objetivo avaliar como a sociedade perceciona as crianças com cancro e as suas famílias para determinar o seu potencial como ferramenta para resolver os problemas sociais com que os jovens afetados pela doença se deparam.
O estudo ocorreu entre 2019 e 2020 e envolveu 237 pais de crianças afetadas por doenças oncológicas inscritas para tratamento hospitalar em cinco clínicas de oncologia pediátrica no Cáucaso Norte (Rússia). O estudo recorreu a um questionário especialmente elaborado para o efeito como principal método de investigação.
Cerca de metade dos pais não observaram mudanças na sua atitude em relação aos seus filhos após o diagnóstico de cancro, sendo as mulheres as que notaram essas mudanças com mais frequência (40% vs. 18%). Já a perceção pública diverge entre os pólos de simpatia e alienação: 53% reconhecem a expressão de simpatia, enquanto 39% percebem um sentimento de alienação. Este estudo ressalta a necessidade de um apoio adequado a essas famílias, abrangendo tanto a dimensão financeira, quanto a social.
As presentes conclusões podem ser utilizadas para conceber programas de sensibilização sobre o cancro e anti-estigma destinados a informar a população em geral sobre os primeiros sintomas do cancro, onde receber serviços de consulta de saúde, como falar e agir em torno de crianças afetadas pelo cancro, e como apoiar essas crianças e as suas famílias, defendem os autores do estudo.
Apesar dos avanços na medicina moderna e de vários casos de cancro pediátrico serem tratados com sucesso, ainda existem estereótipos sobre a natureza incurável do cancro em muitos países.
As presentes conclusões podem servir de plataforma para um estudo comparativo de questões relacionadas com o cancro noutras regiões e países, destacaram ainda os cientistas.
Fonte: Nature