Depois de terem descoberto de que maneira um gene específico alimenta uma forma mortal de tumor cerebral em crianças, cientistas da Universidade de Manitoba, no Canadá, conseguiram tratar com sucesso esse cancro em ratos.
A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, descobriu que o gene OTX2 atua como uma chave de controlo de uma forma extremamente agressiva de um tumor cerebral diagnosticado em crianças, intitulado meduloblastoma.
No entanto, os cientistas descobriram que essa chave de controlo é disfuncional e mantém as células estaminais cancerígenas permanentemente em posição.
“O gene OTX2 alimenta perpetuamente o tumor, o que dificulta o tratamento oncológico”, disse Tamra Werbowetski-Ogilvie, especialistas em neuro-oncologia e células estaminais humanas.
“Os tumores cerebrais são a forma mais mortal de cancro infantil. Embora tenhamos progredido na classificação desses tumores, estamos a trabalhar arduamente para encontrar terapias melhores e mais direcionadas que destruam as células estaminais que são, basicamente, a raiz do cancro que causa a doença “.
No artigo é descrito de que forma os cientistas imitaram os efeitos da diminuição do OTX2 com fármacos para retardar o crescimento de tumores cerebrais em ratos. O direcionamento dessa via imitou os efeitos do silenciamento do OTX2 e diminuiu drasticamente o crescimento do tumor.
“O fármaco duplicou o tempo de sobrevivência em cerca de 30 a 40% nos modelos animais. Estamos muito orgulhosos porque, mesmo em tumores mais agressivos, descobrimos que este medicamento diminuiu o seu crescimento”.
Este é um pormenor importante para os tumores cerebrais das crianças, pois os medicamentos precisam de “penetrar no cérebro” e funcionar sem causar danos adicionais.
“O que estamos a fazer é a criar uma terapia melhor e mais direcionada, ao mesmo tempo que tentamos preservar algumas das funções cerebrais das crianças e conseguir efeitos menos tóxicos nos seus sistemas nervosos, que ainda estão em desenvolvimento”.
O trabalho foi financiado por uma bolsa da Fundação CancerCare Manitoba, do Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil de Manitoba e da Research Manitoba.
O próximo passo será analisar outros medicamentos, que serão combinados com os que a equipa já testou, para diminuir ainda mais o crescimento e a disseminação dos tumores. Os cientistas também querem descobrir se o OTX2 desempenha papéis diferentes no crescimento do meduloblastoma em comparação com o desenvolvimento normal do cérebro, o que lhes dará informações sobre as origens da doença.
Fonte: UM News