Cuidados Paliativos

A palavra “paliativos” deriva do latim palliare que significa cobrir “com uma capa” –  um sentido figurado que alude à intenção de minimizar o sofrimento decorrente da vivência de uma doença limitante ou ameaçadora da vida. São cuidados de saúde ativos e rigorosos, que combinam ciência e humanismo.

A moderna filosofia destes cuidados teve início na década de 60, pela mão da inglesa Cicely Saunders. Dame Cicely, ao cuidar de doentes adultos com cancro em fase terminal, percebeu a importância de ouvir o doente e os seus familiares para compreender a forma como vivem e encaram a doença, e defendendo a promoção da dignidade e da qualidade de vida. Nos últimos anos, os resultados obtidos através do acompanhamento pelos cuidados paliativos (melhoria da qualidade de vida, aumento do tempo de sobrevivência) têm conduzido à sua introdução cada vez mais precoce na trajetória das doenças.

Os cuidados paliativos pediátricos sempre foram definidos como cuidados holísticos e proactivos a serem prestados desde o diagnóstico ou reconhecimento de uma doença limitante ou ameaçadora da vida, se necessário a par de cuidados potencialmente curativos. O seu objetivo é acompanhar desde o início a criança e a família, com todo o apoio e dedicação necessários, e que, quando é o caso, se intensificam nas fases de fim de vida e terminal.

Em Portugal há ainda um longo caminho a percorrer no que toca aos cuidados paliativos pediátricos, uma realidade ainda muito aquém do que seria desejável no quadro dos cuidados de saúde nacionais. Em março de 2018 foi dado um grande passo em frente com a publicação da Portaria 66/2018, que determina que todos os serviços de Pediatria nacionais devem constituir uma Equipa Intra Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos Pediátrica (EIHSCP-P) de dimensões e recursos adequados às respetivas necessidades. As Unidades de Oncologia Pediátrica merecem aqui destaque, já que os IPOs de Lisboa (2005) e do Porto (2009) foram pioneiros na criação destas equipas.

As EIHSCP-Ps são equipas multidisciplinares, com profissionais das áreas da Medicina, Enfermagem, Serviço Social, Psicologia, Educação, Nutrição, etc. A sua atuação (focada no internamento mas também no ambulatório), tem como princípios fundamentais:

  • Reconhecer os direitos da criança e da família, independentemente da diversidade cultural e religiosa;
  • Centrar a prestação de cuidados na criança e família, respeitando as suas preferências, crenças e valores;
  • Promover uma comunicação adequada entre equipa, criança e família, valorizando a aliança terapêutica;
  • Otimizar o controlo de sintomas, com particular destaque para a dor;
  • Promover o processo de tomada de decisão informada e partilhada;
  • Promover a discussão e elaboração de um plano antecipado de cuidados;
  • Promover a capacitação dos cuidadores;
  • Promover os cuidados domiciliários e na comunidade.

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