O meu nome é Campbell Sullivan, tenho 16 anos e hoje quero falar sobre sarcomas.
A maioria das pessoas não sabe o que é um sarcoma. Menos ainda sabe sobre os tratamentos a que os pacientes diagnosticados com este tipo de cancro são sujeitos.
Eu próprio só soube o que era um sarcoma quando, aos 13 anos, em 2017, fui diagnosticado com sarcoma de Ewing.
Mas vou passar a explicar: o sarcoma é um tipo de cancro raro em adultos, representando apenas 1% de todos os casos diagnosticados, mas muito prevalente em crianças, onde representa cerca de 20% de todos os cancros infantis.
Existem dezenas de subtipos diferentes de sarcomas, porque esta doença tem origem em estruturas de tecidos, como nervos, músculos, articulações, gordura, vasos sanguíneos e, na maioria das vezes, ossos.
O local mais frequente em que surge é nos membros, uma vez que é neles que reside a maior parte do tecido conjuntivo do corpo.
O meu sarcoma teve origem no musculo sóleo da perna esquerda.
As opções de tratamento mais comuns para o sarcoma são a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia; por vezes, o sarcoma é curável através de cirurgia (cerca de 20% dos casos) ou através de uma combinação de cirurgia com quimioterapia e / ou radioterapia (entre 50% a 55% dos casos).
Contudo, muitas vezes, o cancro é totalmente resistente a qualquer uma destas terapias – é por isso que nós precisamos urgentemente de novas abordagens terapêuticas.
Neste preciso momento, existem cerca de 50 mil pacientes a lutar contra um sarcoma, só nos Estados Unidos; é também aqui que, todos os anos, são diagnosticados 16 mil novos casos e que quase 7 mil pessoas acabam por falecer.
Eu preciso de novas opções de tratamento. As crianças e os adolescentes precisam de novas opções de tratamento. Nós precisamos de novas opções de tratamento.
Todos os dias, só nos Estados Unidos, morrem 7 crianças devido a opções de tratamento desatualizadas.
Hoje, amanhã e no dia seguinte, serão diagnosticadas mais 43 crianças com cancro.
É ainda mais desanimador saber que as grandes empresas farmacêuticas não querem investir em pesquisas sobre o cancro infantil, porque não veem essas crianças como um investimento lucrativo. Em vez disso, as empresas concentram-se no cancro de adultos e, como resultado, existem em média 12 novos medicamentos oncológicos aprovados todos os anos para combater o cancro em adultos.
Por outro lado, desde 1978, o regulador de saúde norte-americano (FDA) aprovou apenas 8 medicamentos para o tratamento do cancro infantil.
A taxa de sobrevivência livre de doença para casos de sarcoma de Ewing permanece inalterada há já 47 anos.
Pensemos nos progressos que foram feitos em centenas de áreas da medicina durante esse mesmo período. E agora reflitamos, porque o tratamento para o cancro infantil permanece praticamente o mesmo desde aí, desde que os meus pais eram crianças.
Se o meu pai tivesse sido diagnosticado aos 13 anos, tal como eu, com o mesmo tipo de cancro que o meu, ele teria sido tratado com os mesmos medicamentos com os quais eu fui tratado.
O meu pai tem 50 anos. Eu tenho 16 anos.
Dá que pensar. Mas pensar, não chega. Temos de agir.
Temos de exigir novos e melhores tratamentos para o cancro infantil.
Fonte: Vail Daily