Cancro infantil: investigação encontra potencial alvo terapêutico para leucemia mieloide aguda

Investigadores identificaram um gene expresso em crianças com leucemia mieloide aguda que pode vir a servir como um novo alvo de tratamento de imunoterapia, de acordo com um artigo publicado na revista Blood Advances.

Na publicação, investigadores do Nemours Children’s Health System, nos Estados Unidos, descreveram todo o processo investigativo, ao mesmo tempo que afirmaram ser possível abrir o caminho para a criação de novos medicamentos de imunoterapia que melhoram as taxas de sobrevivência e reduzem a toxicidade relacionada ao tratamento em crianças com leucemia mieloide aguda.

A leucemia é o tipo de cancro mais comummente diagnosticado em crianças e adolescentes, sendo que a leucemia mieloide aguda é responsável por quase um quarto desses diagnósticos.

“Através de dadps de sequenciação genómica, conseguimos identificar novos alvos para o cancro infantil; depois, trabalhámos com vários colaboradores, com o intuito de criar novas terapias para crianças com leucemia mieloide aguda, em vez de reaproveitarmos fármacos já conhecidos e usados no tratamento em adultos. Esses fármacos, muitas vezes, não são eficazes em crianças”, disse Anders Kolb, um dos principais autores do estudo.

Para identificar variantes genéticas associadas, os investigadores observaram dados genómicos de mais de 2 mil pacientes pediátricos com leucemia; através da sequenciação genómica, a investigação descobriu que o gene mesotelina (MSLN) é expresso de forma anómala em mais de um terço dos casos de leucemia mieloide aguda infantil e em adultos jovens, mas está ausente nas células normais da medula óssea.

Após esta descoberta, os cientistas escolheram novos fármacos de imunoterapia que teriam como alvo o MSLN para testar em linhas celulares e modelos animais, de forma a avaliarem a eficácia pré-clínica das terapias.

Foram testados dois fármacos: anetumabe ravtansina, da farmacêutica Bayer, que está a ser testado para o tratamento do cancro em adultos, e um novo composto, o anti-MSLN-DGN462, propriedade da ImmunoGen.

Em testes de laboratório e em cobaias animais, cada um dos fármacos produziu uma resposta eficaz e potente na destruição de células de leucemia.

Estes fármacos pertencem a uma nova classe de tratamentos contra o cancro, que combinam um anticorpo com uma toxina que elimina o cancro. O anticorpo tem como alvo tipos específicos de células cancerígenas e entrega a toxina diretamente a estas células, minimizando os danos às células saudáveis.

“Agora, estamos a trabalhar no sentido de mostrar que podemos criar terapias personalizadas para malignidades pediátricas e que podemos testar estes medicamentos em ensaios clínicos”, disse Sonali Barwe, outra das autoras da investigação.

Fonte: Eurekalert

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