Este artigo faz parte de um conjunto de reportagens que pretende dar a conhecer os projetos distinguidos pelo Prémio Rui Osório de Castro / Millennium BCP. Saiba mais aqui e aqui.
Desde 2017, a Fundação Rui Osório de Castro, com o apoio da Fundação Millennium, atribui o Prémio Rui Osório de Castro / Millennium BCP, uma iniciativa que visa o desenvolvimento de projetos e iniciativas inovadoras na área da Oncologia Pediátrica.
Nesta última edição, prémio foi entregue a João Lobo, pelo seu projeto intitulado “Melhorar a abordagem clínica de doentes pediátricos e adultos jovens com tumores de células germinativas do testículo: Em busca de novos biomarcadores e tratamentos de base epigenética”.
Durante o 7º Seminário de Oncologia Pediátrica, o investigador tentou explicar melhor a sua investigação.
“Os tumores de células germinativas do testículo são alguns dos tumores mais frequentes a nível mundial em indivíduos do sexo masculino, com idades entre os 15 e os 39 anos”, começou por explicar o investigador, médico interno no serviço de Anatomia Patológica do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil do Porto (IPO-Porto).
Com este projeto, João Lobo quis tentar colmatar a falta de investigações realizadas nesta área.
“É importante assinalar que existem subtipos destes tumores que ocorrem especificamente em crianças em idade pediátrica, e que têm sido um pouco mais esquecidos e não têm sido alvo de estudos e de investigação”.
Segundo o também estudante de doutoramento no grupo de Epigenética e Biologia do Cancro no IPO-Porto e no Instituto de Ciência Biomédicas Abel Salazar, “estes cancros pediátricos muitas das vezes não têm alterações genéticas muito exuberantes, principalmente se comparados com os dos adultos”, pelo que fazia todo o sentido “olhar para estes tumores e para estas doenças através da epigenética”.
A epigenética diz “respeito a um conjunto de mecanismos que vão permitir regular a expressão, a ativação ou a função dos genes sem que isso altere a sequência do DNA”.
Ajudar o doente é a principal missão desta “equipa”, como João Lobo fez questão de frisar, uma vez que “não se faz nada sozinho”.
“O nosso objetivo prático é muito dirigido ao ambiente clínico, para ajudar o doente. Pretendemos descobrir novos biomarcadores que permitam aprimorar o diagnóstico precoce destas neoplasias e ajudar os médicos a fazer uma melhor estratificação do risco destes doentes, para que melhor possam decidir quais os pacientes mais adequados a receber determinadas terapêuticas”.
“Queremos encontrar biomarcadores de prognóstico de doença, para seguimento dos doentes durante o seu follow-up, para identificar possíveis recaídas (ou não) da doença; queremos também encontrar biomarcadores que permitam prever a resposta à terapêutica. E isto é muito importante, porque estes doentes são muito jovens e acreditamos que, para além de curar a doença, devemos também focar-nos em dar a estes doentes a melhor qualidade de vida possível, porque estas crianças serão os adultos do futuro”.
Assim, “o trabalho divide-se em várias tarefas”, explica João Lobo; através de biópsias líquidas e do estudo dos principais mecanismos de regulação epigenética, os investigadores querem “descobrir novos biomarcadores essencialmente não invasivos” e “propor novas formas de tratamento para oferecer a estes doentes”. Serão também utilizados modelos in vivo e in vitro destas neoplasias, de forma a que seja possível “estudar melhor estes cancros em laboratório”.
João Lobo também fez questão de ressalvar um dos pontos fortes deste projeto: a cooperação a nível nacional e internacional.
“Nós temos construído uma equipa bastante vasta, verdadeiramente multidisciplinar, composta por médicos, profissionais das ciências básicas, epidemiologistas, entre outros, oriundos de vários centros internacionais, como o Princess Maxima Center, nos Países Baixos. É através desta cooperação internacional que nós acreditamos que podemos ajudar melhor os nossos doentes”.
No final da apresentação, João Lobo agradeceu a todas as pessoas que mais o têm apoiado no desenvolvimento do seu projeto, incluindo os seus orientadores, o Prof. Dr. Rui Henrique e a Prof.ª Drª. Carmen Jerónimo; ao Grupo de Epigenética e de Biologia do Cancro do IPO-Porto; ao Serviço de Anatomia Patológica do IPO-Porto; aos profissionais da Clínica de Urologia do IPO-Porto; e a todos os colaboradores externos.
Quanto ao prémio no valor de 15 mil euros, esse “será fundamental para por em prática este projeto”.
Para saber tudo o que se passou durante o 7º Seminário de Oncologia Pediátrica, clique aqui.
Para saber mais informações sobre o prémio Prémio Rui Osório de Castro / Millennium BCP , clique aqui.
Fonte: Fundação Rui Osório de Castro