Identificada assinatura genética da leucemia T-ALL de alto risco

Uma equipa de investigadores do Children’s Hospital of Philadelphia identificou as bases genéticas e celulares que distinguem uma forma de leucemia linfoblástica aguda (LLA) de alto risco em crianças, associada a uma maior probabilidade de recaída após o tratamento. Esta descoberta oferece novas perspetivas para o desenvolvimento de tratamentos direcionados para pacientes com este subtipo agressivo da doença.

O que é a leucemia linfoblástica aguda (LLA)?

A LLA é o tipo de cancro mais comum em crianças, representando cerca de 30% dos casos pediátricos. A doença afeta células imaturas do sistema imunitário, chamadas linfócitos, e divide-se em dois tipos:

  • B-ALL: afeta os linfócitos B;
  • T-ALL: afeta os linfócitos T.

Apesar dos avanços nos tratamentos, as crianças com T-ALL que recaem têm um pior prognóstico, sendo raramente curadas. Como as causas da T-ALL são diversas, identificar subtipos específicos e terapias eficazes é crucial.

A descoberta: células BMP-like e assinatura genética

Com recurso a sequenciação genética de célula única, os investigadores analisaram mais de 595 mil células sanguíneas imaturas (blastos) para identificar as razões que tornam algumas formas de T-ALL mais resistentes ao tratamento.

O estudo revelou uma subpopulação de células progenitoras semelhantes às da medula óssea (BMP-like) associada ao insucesso do tratamento e a uma menor taxa de sobrevivência. As células progenitoras são descendentes das células estaminais, capazes de se diferenciar em diversos tipos de células.

Embora as análises genéticas convencionais não tenham identificado estas células, a sequenciação de célula única permitiu reconhecer uma assinatura genética específica nestas células BMP-like que está diretamente relacionada com um pior desfecho clínico.

Novas terapias promissoras

Com base nesta assinatura genética, os investigadores testaram, em modelos computacionais (in silico) e laboratoriais (in vitro), possíveis medicamentos direcionados a estas células de alto risco. O estudo identificou o medicamento venetoclax, já aprovado pela FDA para o tratamento de outros tipos de leucemia e linfoma, como uma potencial terapia eficaz contra as células BMP-like.

O futuro: medicina de precisão

Os investigadores esperam iniciar ensaios clínicos para testar o venetoclax em crianças com a assinatura genética identificada, oferecendo uma nova esperança para pacientes com doença resistente ou recidivante.

Esta descoberta representa um avanço significativo na compreensão da T-ALL e abre caminho para tratamentos mais eficazes e personalizados, melhorando o prognóstico das crianças com esta forma agressiva de leucemia.

Fonte: Medical Xpress

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