Vitamina C regula função de células estaminais e suprime desenvolvimento da leucemia

Um novo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa do Centro Médico Infantil da Universidade Southwestern, nos Estados Unidos, descobriu que as células estaminais absorvem níveis invulgarmente elevados de vitamina C, que então regula a sua função e suprime o desenvolvimento da leucemia.
O metabolismo das células estaminais tem sido historicamente difícil de estudar porque um grande número de células são necessárias para a análise metabólica, enquanto as células estaminais em cada tecido do corpo são raras.
As técnicas desenvolvidas durante o estudo, publicado na Nature, permitiram aos cientistas medir rotineiramente os níveis de metabolitos em populações de células raras, como as células estaminais.
As técnicas levaram os investigadores a descobrir que todos os tipos de células formadoras de sangue na medula óssea possuíam assinaturas metabólicas distintas, ocupando e usando nutrientes de forma individual.
Uma das principais características metabólicas das células estaminais é que estas absorvem níveis excecionalmente elevados de ascorbato. Para determinar se o ascorbato é importante para a função das células estaminais, foram utilizados ratos que não possuíam gulonolactona oxidase (Gulo), uma enzima chave que a maioria dos mamíferos, incluindo ratos, mas não humanos, usada para sintetizar o seu próprio ascorbato.
A perda da enzima requer que ratos Gulo-deficientes tenham de recorrer exclusivamente à dieta, tal como os humanos, de forma a obterem ascorbato. Através deste facto, os cientistas obtiveram um controlo rigoroso sobre a ingestão de ascorbato pelos animais, permitindo que estes imitassem os níveis de ascorbato observados em aproximadamente 5% dos humanos saudáveis.
Nesses níveis, os investigadores esperavam que o esgotamento do ascorbato pudesse levar à perda da função das células estaminais, mas ficaram surpresos ao descobrir que o oposto era verdadeiro, ou seja, as células estaminais ganharam uma função. No entanto, esse ganho ocorreu ao custo de casos aumentados de leucemia.
Os cientistas explicam que as células estaminais usam o ascorbato para regular a abundância de certas modificações químicas no ADN, que fazem parte do epigenómetro; o epigenoma é um conjunto de mecanismos dentro de uma célula que regula quais genes que são ativados e desligados, ou seja, quando as células estaminais não recebem vitamina C suficiente, o epigenoma pode danificar-se de forma a aumentar a função das células estaminais, o que aumenta o risco de leucemia.
Este risco aumentado está em parte ligado à forma como o ascorbato afeta uma enzima conhecida como Tet2. Mutações que inativam a Tet2 são um passo inicial na formação de leucemia; o esgotamento do ascorbato pode limitar a função da Tet2 nos tecidos de forma a aumentar o risco de leucemia.
Agora, os investigadores pretendem usar as técnicas desenvolvidas como parte deste estudo para encontrar outras vias metabólicas que controlam a função das células estaminais e o desenvolvimento do cancro.
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