Vírus da sida ajuda a salvar menina com leucemia

Emma Whitehead, uma criança norte-americana de 7 anos, foi sujeita a um tratamento experimental no Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos, para tratar a leucemia linfoblástica aguda (tipo de tumor que afeta o sangue) de que padecia, e quase oito meses depois, os médicos mostram-se muito satisfeitos, pois o tumor mantém-se em remissão completa.
O tratamento experimental, que já tinha sido noticiado anteriormente pelo PIPOP, foi realizado em colaboração com a Universidade da Pensilvânia, no passado mês de abril, consistiu no recurso a uma versão inativa do VIH/sida para reprogramar geneticamente o sistema imunológico de Emma e matar as células cancerígenas.
O tratamento foi quase fatal, mas desde essa altura que Emma tem vivido livre  da doença mantendo-se em remissão completa. Emma é a primeira criança e um dos primeiros seres humanos sujeitos a este tratamento.
Outras abordagens semelhantes estão ainda a ser testadas noutros centros norte-americanos, incluindo o Instituto Nacional do Cancro e o Centro de Cancro Memorial Sloan-Kettering, em Nova Iorque.
O tratamento promove efeitos secundários devastadores, tornando o paciente terrivelmente doente, com febre muito elevadas, problemas pulmonares e queda abrupta da tensão arterial, devido à libertação de citoquinas a partir das células do sistema imunitário, um sinal de que estas estão a ser ativadas.
Emma esteve às portas da morte após o tratamento, com febres que superaram em larga escala os 40.º C. A menina chegou a estar ligada a um ventilador, inconsciente e inchada, quase irreconhecível, rodeada por amigos e familiares que acreditaram que seria a última vez que a viam.
 
Mas algumas horas mais tarde, vários exames de sangue deram aos pesquisadores uma pista sobre o que poderia ajudar a salvar a Emma, pois o seu nível de uma das citocinas, a interleucina-6 ou IL-6, disparou mil vezes, algo nunca visto, o que estaria na origem dos efeitos que a criança estava a sentir. Foi dada indicação para que Emma tomasse tocilizumab, um medicamento usado frequentemente em doentes com artrite reumatoide e que ajuda a reduzir os níveis desta citoquina. Em poucas horas, o estado de saúde de Emma começou a estabilizar. 
Carl June, que lidera a equipa de pesquisa da Universidade da Pensilvânia, espera que “o novo tratamento possa mesmo substituir o transplante de medula óssea, um procedimento ainda mais arriscado e caro e que é hoje a última esperança quando outros tratamentos falham contra leucemias e outras doenças”.
A Novartis já se mostrou interessada em financiar a terapêutica desenvolvida na Pensilvânia, tendo anunciado um investimento de 20 milhões de dólares (cerca de 15 milhões de euros) para a construção de um centro de pesquisa no campus da universidade, a fim de promover a comercialização do tratamento.
Mais pacientes foram sujeitos ao mesmo tratamento, mas os resultados não foram todos semelhantes, pelo que se colocam de momento várias hipóteses em cima da mesa sobre as causas que podem estar a agilizar diferentes respostas. 
Os cientistas ressalvam que ainda há muito a fazer, mas sublinham que os resultados são muito animadores, sobretudo porque sugerem um avanço extraordinário no tratamento do cancro pediátrico.
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