Glioma pontino intrínseco difuso: uma nova esperança para o tratamento?

Foram menos de dois meses entre o diagnóstico e a data da morte.

Durante esse tempo, Ashley e a sua família aproveitaram cada momento para mimar, amar, confortar e acarinhar a pequena Stevie que, com 3 anos de idade, foi diagnosticada com um glioma pontino intrínseco difuso, também conhecido como DIPG.

Naqueles dois meses, a mãe de Stevie fez questão de partilhar a luta da filha com todo o mundo. Blogger, Ashley quis que toda a gente soubesse o quão corajosa, forte e sábia a sua filha era.

O cancro com que Stevie foi diagnosticada é um dos mais raros e agressivos a afetar crianças; é também um dos mais difíceis de remover, uma vez que se situa no meio do tronco cerebral, uma parte do cérebro que controla muitas funções vitais, como a respiração, os batimentos cardíacos e a pressão arterial.

Nos Estados Unidos, todos os anos, cerca de 300 crianças são diagnosticadas com glioma pontino intrínseco difuso; com um prognóstico bastante reservado, a probabilidade de sobrevivência destas crianças é muito reduzida.

Mas, agora, foram testados dois novos tratamentos que podem vir a trazer uma nova esperança em melhores resultados no futuro.

Um desses casos é um tratamento que utilizou um medicamento intitulado BXQ-350; este fármaco, de acordo com o fabricante Bexion Pharmaceuticals, já recebeu uma designação de medicamento órfão pelo regulador de saúde norte-americano (FDA) em maio deste ano.

O BXQ-350 tem como alvo vasos e células tumorais; o medicamento tem a capacidade de se agregar a estes componentes, ligando-se fosfolipídios nas membranas celulares do tumor. Uma vez dentro do tumor, o BXQ-350 é capaz de produzir várias alterações químicas que inibem o crescimento das células tumorais.

Desde 2017 que o BXQ-350 tem sido usado em ensaios clínicos com humanos, tendo demonstrado conseguir eliminar células cancerígenas tumorais; segundo os especialistas, nomeadamente Olivier Rixe, um dos investigadores que supervisionou os primeiros ensaios em seres humanos e que também esteve envolvido no desenvolvimento do medicamento, o BXQ-350 tem um “perfil de segurança muito bom”.

Mas, ainda segundo o cientista, é preciso lembrar que os “aos medicamentos contra o cancro são exigidos testes rigorosos e investimentos de biliões de dólares”, o que se traduz num processo que geralmente demora uma década, ou mais, até conseguirem uma aprovação.

Em 2019, a Bexion Pharmaceuticals conseguiu concluir um ensaio clínico em crianças utilizando o BXQ-350.

Também este ano, cientistas do Sanford Burnham Prebys Medical Discovery Institute, nos Estados Unidos, relataram ter feito progressos num tratamento combinado para o glioma pontino intrínseco difuso.

O uso de imunoterapia, juntamente com o TNF (fator de necrose tumoral), ajudou a expor as células cancerígenas do cérebro de ao sistema imunitário.

Enquanto o glioma pontino intrínseco difuso tem uma taxa de mortalidade de quase 100%, aproximadamente metade dos animais expostos a este tratamento combinado inovador sobreviveu ao cancro.

“As nossas descobertas sugerem que alguns tipos de cancro podem não responder à imunoterapia porque os tumores não têm níveis suficientes de MHC-I para desencadear uma resposta imune eficaz”.

As palavras são do principal autor do estudo, Robert Wechsler-Reya, à revista Nature Neuroscience.

“A nossa esperança é que, a curto prazo, a combinação de imunoterapia com TNF aumente a eficácia da imunoterapia em crianças que estão a lutar contra este tipo terrível de cancro no cérebro”.

Fonte: Medicine Net

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