Uma carta dedicada a todas as mães de crianças com cancro

Ellie é uma mulher como tantas outras. Uma mulher capaz de equilibrar a sua atarefada vida profissional com a sua atribulada vida familiar. Licenciada em História, Ellie tem 4 filhos e é casada. Ellie é mãe de uma criança com cancro.

E é enquanto mãe, mulher, professora, escritora e cuidadora que utiliza o seu blog, Chase Away Cancer, para contar as histórias do seu dia a dia.

O texto que se segue é apenas um dos exemplos da sua autoria. E é também uma homenagem a todas as mães de crianças com cancro.

Ellie e o seu filho, Chase. – Fonte: DR

Hoje comemoramos o Dia da Mãe. Um dia que quero dedicar, obviamente, a todas as mães, mas em especial às mães que têm a árdua tarefa de lidar com o cancro infantil.

Este texto é dedicado a todas vocês.

Era uma noite fria de primavera e eu estava a conduzir, com o meu filho ao meu lado. Estávamos a regressar de Washington D.C., onde tínhamos sido recebidos pelo vice-Presidente dos Estados Unidos na Casa Branca. Na altura, os médicos ainda não tinham dado autorização para que o Chase pudesse andar de avião, por isso, decidimos fazer aquela viagem de carro.

Apenas 4 semanas antes, o meu filho tinha sido sujeito a uma cirurgia, onde os médicos lhe haviam retirado a tiroide.

Tinham passado 6 anos e meio desde que o Chase sido diagnosticado com cancro. Pela segunda vez.

Nesse dia, tinha ele cerca de 2 anos, eu e o meu marido levámo-lo ao hospital depois de ele se queixar de que algo não estava bem com a sua cabeça. Quando os médicos nos disseram que existia uma “grande massa na cabeça” do Chase, pensei imediatamente que se tratava de uma recidiva.

Logo em bebé, o meu filho tinha sido diagnosticado com um cancro cerebral.

Mas não, o que viríamos a enfrentar não era uma recidiva, mas uma nova batalha: um cancro na tiroide. Uma batalha extremamente cansativa; não por ser a primeira, mas por ser nova e ainda mais terrível do que a anterior.

Enquanto me explicavam o diagnóstico, senti-me a desaparecer por entre o desespero: uma sensação que acredito ser comum a todas as mães que se vêm confrontadas com o cancro infantil.

Naquela viagem de regresso, pensei em todos esses anos passados. Em todos aqueles sentimentos. Aquela viagem acabou por ser um bálsamo para o meu coração.

“Tu sabes o quão corajoso és?”

Estas palavras, tão gentis quanto simples, podem não parecer muito, mas no momento em que foram ditas pelo vice-Presidente dos Estados Unidos ao meu filho, foram uma bênção. Foram um reconhecimento por toda aquela batalha que tínhamos enfrentado. E eu senti-me orgulhosa, muito orgulhosa.

O cancro infantil é uma doença crua e visceral; e muitas vezes, nós, as mães, as cuidadoras, as mulheres incansáveis que suportam toda aquela dor, ficamos dolorosamente invisíveis.

Torna-se complicado respirar. Não existe descanso. Não existe conforto. Apenas uma sensação de impotência, de desamparo. Mas temos de fazer tudo pelos nossos filhos.

E, no meio desse caos, acabamos por nos esquecer de nós próprias.

Por isso, neste dia tão especial, eu vou-vos fazer, a vocês mães, a mesma pergunta que o vice-Presidente dos Estados Unidos fez ao meu filho: “Vocês sabem o quão corajosas são?”

Vocês são tão corajosas que são capazes de conter o choro, de conter aquelas lágrimas de raiva, de desespero, de dor por terem um filho com cancro. Vocês são tão corajosas que nem células cancerígenas são capazes de vos derrotar.

Saibam disto, eu acredito em vocês. Acredito que seremos todas capazes de ultrapassar isto.

E temos que ser solidárias umas com as outras. É importante ter alguém do nosso lado a acreditar.

Eu sei o que é receber a notícia de que os cientistas estão a testar novos medicamentos; sei o que é pesquisar tudo sobre mil e um medicamentos; sei o que é acreditar em todos os estudos. Tudo porque a única coisa que queremos é salvar o nosso filho. O nosso rebento.

Vocês podem estar cansadas. Mas continuam em frente, sem desistir.

Vocês, que dizem aos amigos que estão “bem”, para não os preocupar. 

Vocês, que já não sabem o que fazer, mas que sabem que precisam de continuar a fazer tudo.

Vocês, que andam de mãos dadas com prognósticos reservados, com a falta de tratamentos e de opções.

Vocês, que com o coração pesado, clamam que o cancro infantil não devia existir.

Minhas queridas, eu acredito em vocês.

Vocês sabem o quão corajosas são?

Para sermos corajosas não precisamos de ser fortes durante todo o dia. Só precisamos de ser corajosas agora, neste momento, e no momento a seguir e no momento a seguir…

E somo-lo, não porque não existe outra hipótese, mas porque somos capazes de tudo pelos nossos filhos. Mesmo nos piores momentos, sabemos que temos de ser fortes. Sabemos que não podemos ter medo, mesmo nas alturas mais assustadoras.  

Minhas queridas, nenhuma de vocês está sozinha.

Eu acredito em vocês mães.

Vocês sabem o quão corajosas são?

Fonte: St. Baldrick’s Foundation

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