David Walker, do Centro de Pesquisa de tumores do cérebro em crianças da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, é um dos principais especialistas em cancro infantil que dá a cara por um projeto do Parlamento Europeu que pretende uniformizar novos tratamentos para crianças e jovens com cancros raros.
Todos os anos, cerca de 15 mil crianças na União Europeia (UE) são diagnosticadas com cancro, a maioria dos quais tumores cerebrais ou ósseos, mas cada tumor infantil é um tipo raro de cancro, o que os torna especialmente difíceis de tratar.
David Walker sublinha que os países da UE adotam diferentes normas para ensaios clínicos em função da sua própria interpretação da lei, e que esta falta de homogeneidade torna muito difícil a coordenação de ensaios clínicos transfronteiriços para crianças com tumores raros.
“Oncologistas pediátricos e pesquisadores clínicos em toda a Europa acolhem as principais mudanças no novo regulamento, incluindo um único portal capaz de tornar a aplicação de ensaios clínicos mais simples, permitindo um copatrocínio para incentivar a participação de académicos em estudos, a criação de sistemas nacionais de financiamento para reduzir os custos e diferenciar ensaios que não representam riscos adicionais para os pacientes, em comparação com a prática clínica normal”, ressalva o especialista, que defende que “alterações mais detalhadas devem ser incluídas para incentivar ensaios clínicos académicos orientados e de baixo custo, envolvendo o uso experimental de novas combinações que resultem de doses de medicamentos usados na prática clínica padrão e de outros produtos médicos de investigação”.
David Walker tem promovido diversas campanhas de sensibilização junto do público sobre os tumores cerebrais e tem trabalhado a fim de promover um melhor financiamento da investigação sobre o cancro do cérebro, nomeadamente através da campanha britânica HeadSmart, lançada em 2011, mantendo ainda estreita colaboração com deputados britânicos na implementação de novas regulamentações previstas para os Ensaios Clínicos, uma matéria atualmente em discussão no Parlamento Europeu e cujas revisões deverão ser votadas ao longo dos próximos meses, podendo tornar-se uma realidade ainda este ano.
Glenis Willmott, deputada britânica e conhecida defensora do trabalho pioneiro do Centro de Pesquisa do tumor cerebral infantil da equipa de Walker, tem a seu cargo a redação do Regulamento de Ensaios Clínicos e a intermediação sobre a legislação final com os governos da UE.
Glenis Willmott sublinha que, “porque há tão poucos pacientes com certos tipos de cancro, precisamos de ser capazes de realizar ensaios transfronteiriços com outros países da UE”, ao abrigo da diretiva relativa aos ensaios clínicos; no entanto, a mesma não funciona atualmente, pois os países que fazem parte da comunidade europeia ainda usam padrões diferentes, o que atrasa resultados e trava novos avanços na área.
“É por isso que nós queremos certificar-nos de que todos os países da UE estão a jogar pelas mesmas regras. Precisamos também reduzir a burocracia desnecessária e os atrasos na autorização de pesquisa para salvar vidas e reduzir os custos astronómicos”, ressalva, lembrando que “não há tratamento conhecido para salvar crianças com alguns tipos de tumor no cérebro”, motivo pelo qual são necessárias “novas pesquisas para dar esperança a essas crianças e às suas famílias”.
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