Investigadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, descobriram que a reutilização de um fármaco para o coração pode aumentar significativamente a taxa de sobrevivência de crianças com ependimoma – um tipo de tumor cerebral considerado bastante agressivo.
Os resultados, publicados na revista Scientific Reports, sugerem que um tratamento com este fármaco, normalmente utilizado para tratar a hipertrofia cardíaca, pode superar a resistência à quimioterapia e aumentar a sobrevida em mais de um terço dos pacientes com ependimoma.
Ependimoma são os tumores cerebrais malignos mais comuns em crianças; a doença pode ocorrer em todas as faixas etárias; contudo, a pior sobrevida é observada em bebés.
O uso de quimioterapia em crianças com ependimomas teve níveis variáveis de sucesso, levando à crença de que os ependimomas são resistentes à quimioterapia, já que mais de metade dos tumores não pode ser curado apenas com este tipo de tratamento.
“Temos esperança de que, ao combinarmos este fármaco com os tratamentos atualmente utilizados contra o cancro, podemos aumentar as taxas de sobrevivência a longo prazo para pacientes com estes tumores cerebrais devastadores”, disseram os cientistas.
Neste estudo, os autores propuseram-se a determinar o porquê deste tipo de tumores serem resistentes à quimioterapia.
O estudo mostrou que, em pacientes tratados apenas com quimioterapia, a presença de uma proteína de bombeamento de quimioterapia chamada ABCB1 foi associada a um desfecho significativamente pior.
Os tumores que expressaram ABCB1 eram menos propensos a responder à quimioterapia e mais propensos a serem invasivos localmente.
De seguida, os autores usaram um medicamento para o coração de forma a inibir a função da ABCB1 em células retiradas de tumores do paciente; o fármaco foi capaz de impedir a ABCB1 de bombear quimioterápicos para fora das células do tumor, tornando-os mais sensíveis à quimioterapia e menos capazes de migrar.
A proteína ABCB1 é expressa em mais de um terço dos tumores dos pacientes, pelo que todos os pacientes poderiam beneficiar com a reaproveitamento desse medicamento cardíaco em futuros testes clínicos.
Fonte: Eurekalert