Tumores cerebrais: combinação de terapias mostra-se promissora

Estudos realizados em células humanas e em ratos mostraram que a combinação de um medicamento experimental contra o cancro, intitulado TAK228, com um medicamento anticancerígeno já existente no mercado, denominado trametinibe, pode ser eficaz na redução do crescimento de gliomas pediátricos de baixo grau, os cancros cerebrais infantis mais comuns, responsáveis ​​por até um terço de todos os casos de cancro infantil.

Os gliomas pediátricos de baixo grau surgem nas células cerebrais (glia) que sustentam e nutrem os neurónios, e as quimioterapias padrão atuais, que utilizam medicamentos desenvolvidos há várias décadas, embora sejam geralmente eficazes no prolongamento da vida, também apresentam efeitos secundários bastante gravosos, o que ressalta a necessidade de melhores tratamentos direcionados.

Agora, cientistas do Johns Hopkins Kimmel Cancer Center, nos Estados Unidos, mostraram que esta terapia combinada, quando testada em linhas de células tumorais derivadas de gliomas infantis, impediu o crescimento das células tumorais. Nos ratos, esses medicamentos reduziram o volume do tumor e permitiram que os animais vivessem por mais tempo.

Os ratos tratados com a combinação de medicamentos também tiveram uma redução significativa no suprimento sanguíneo dos seus tumores, o que sugere que o tratamento pode privar os tumores do sangue de que precisam para crescer e proliferar.

A pesquisa, publicada na revista Neuro-Oncology, sugere que um ensaio clínico que avaliasse esta combinação terapêutica seria bastante benéfico para crianças diagnosticadas com a doença.

Pesquisas anteriores mostraram que os gliomas pediátricos de baixo grau contêm mutações genéticas que aumentam a atividade de duas vias de sinalização celular.

No novo estudo, os investigadores testaram o TAK228 e o trametinib em linhas celulares de glioma pediátrico de baixo grau, derivadas de pacientes, e cultivadas em laboratório. O uso dos dois medicamentos juntos levou a uma redução de 50% no crescimento de células tumorais.

A terapia combinada também suprimiu a atividade em mais de 50% nas vias de sinalização mTOR e MAPK e reduziu a proliferação celular em mais de 90%.

De seguida, os investigadores forneceram a ratos implantados com tumores de glioma humano de baixo grau TAK228, trametinibe, a combinação dos dois medicamentos ou um placebo combinado.

As taxas de sobrevivência foram três vezes maiores nos animais que receberam a terapia combinada quando combinadas com as taxas dos animais que receberam apenas um dos medicamentos.

Os tumores tratados com terapia combinada foram 50% menores, em média, ao longo de duas semanas de tratamento, em comparação com a terapia medicamentosa única.

A terapia combinada nos modelos animais levou a que as vias mTOR e MAPK fossem suprimidas em mais de 80% dos casos. O número de células em crescimento nesses tumores diminuiu em mais de 60%. O suprimento de sangue para os tumores diminuiu de 50% a 95%.

Apesar dos resultados bastante promissores, os cientistas alertam que são necessárias mais pesquisas para determinar o melhor e mais seguro regime potencial de dosagem, em parte porque o trametinibe permanece no corpo por quatro a cinco dias, e a via MAPK que ele visa é necessária ​​para o crescimento normal em crianças.

Além disso, os animais que receberam a terapia combinada não cresceram tão bem quanto os que receberam a terapia medicamentosa única; portanto, o esquema de dosagem de precisa ser personalizado para as crianças.

Atualmente, o TAK228 está em testes clínicos em adultos, sendo que ensaios clínicos de fase inicial para este medicamento estão a ser considerados para o tratamento de tumores cerebrais pediátricos.

Fonte: Eurekalert

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