Novo estudo identifica quais as variações estruturais no ADN que moldam o perfil molecular de tumores cerebrais pediátricos e influenciam diretamente a sobrevivência dos pacientes.
O estudo analisou dados de mais de 2400 amostras de tumores cerebrais pediátricos, e envolveu 2127 pacientes e 33 tipos histológicos, revelando dados significativos sobre o impacto de variações estruturais e alterações epigenéticas no ADN desses tumores. A pesquisa, conduzida pela Children’s Brain Tumor Network, revelou padrões críticos de metilação e expressão genética associados à sobrevivência.
Principais resultados mostram a influencia das alterações genéticas
O estudo revelou que alterações genéticas e epigenéticas desempenham um papel central na evolução de tumores cerebrais pediátricos, com impacto direto na agressividade e no prognóstico dos pacientes.
Foram identificadas mudanças críticas em genes como MYC, MYCN, TERT, BCOR, RCOR2 e PDLIM4, que estão associados a padrões de maior agressividade tumoral. Em particular, descobriu-se que 677 genes apresentaram alterações de expressão relacionadas a variações estruturais do ADN, sendo que 126 deles também estavam ligados à sobrevivência dos pacientes. Tumores com menor metilação em potenciadores localizados próximos a genes como MYC e MYCN demonstraram um prognóstico significativamente pior.
Entre 173 tumores recorrentes analisados, foi observada uma instabilidade genómica mais pronunciada, caracterizada por um aumento no número de variações estruturais e por alterações significativas na metilação do ADN, quando comparados aos tumores iniciais dos mesmos pacientes. O impacto dessas alterações é reforçado pelos dados de metilação que identificaram 1780 regiões específicas com padrões alterados devido à presença de variações estruturais. Destas, 268 estavam diretamente associadas a piores índices de sobrevivência, sendo capazes de prever prognósticos de forma consistente e confiável.
A análise incluiu os tumores pediátricos mais comuns como gliomas de baixo grau (556 casos), ependimomas (298 casos), meduloblastomas (280 casos) e gliomas de alto grau (250 casos). Outros tipos histológicos, como o glioma pontino intrínseco difuso (81 casos) e o tumor rabdóide teratóide atípico (77 casos), também mostraram padrões moleculares distintos.
Urgência em avanços no diagnóstico e tratamento
O estudo destaca que padrões de metilação do ADN podem servir como ferramenta de classificação tumoral e prognóstica mais completa. Além disso, ao interligar as alterações epigenéticas e genómicas com a expressão génica, são ampliadas as possibilidades de terapias personalizadas.
Para além de tumores cerebrais pediátricos, as assinaturas moleculares identificadas também mostraram aplicabilidade em cancros de adultos.
Com 37% dos pacientes no grupo de alto risco a sobreviverem um ano após o diagnóstico, em comparação com os 83% no grupo de baixo risco, os resultados reforçam a urgência em avanços no diagnóstico e tratamento. Este estudo destaca também a importância de plataformas multi-ómicas para compreender as bases moleculares do cancro.
Os investigadores que colaboraram neste estudo foram Fengju Chen, Yiqun Zhang e Chad J. Creighton, do Dan L. Duncan Comprehensive Cancer Center, Baylor College of Medicine (EUA), e Lanlan Shen, do USDA Children’s Nutrition Research Center, Departamento de Pediatria do Baylor College of Medicine (EUA).
Fonte: Nature Communications