Treinador de futebol americano dedica-se a ajudar famílias de pacientes com cancro infantil

Já se passaram 26 anos desde que Tom Coughlin, um treinador de futebol americano, perdeu um dos seus grandes pupilos para o cancro infantil.
Jay McGillis era um caloiro na equipa dos Boston College Eagles quando o treinador Coughlin o conheceu, corria o ano de 1991. Silencioso, mas destemido, o jovem rapidamente tornou-se num dos jogadores preferidos de Coughlin.
“Ele era um lutador, um rapaz que alcançava tudo aquilo a que se comprometia. Era um ótimo companheiro de equipa, amado e respeitado por todos os seus colegas”, lembra-se Tom.
Mas em novembro de 1991, quando McGillis iria sair da equipa onde tinha começado para jogar em Miami, os médicos notaram que algo estranho se passava: o pequeno rapaz tinha as glândulas inchadas e estava com febre. Rapidamente a notícia piorou, quando se descobriu que o promissor jogador tinha leucemia.
A doença foi “devastadora”, disse Coughlin, e 8 meses depois, depois de ter perdido 34 quilos e todo o seu cabelo ruivo, o jovem acabou por falecer, com apenas 21 anos.
“Ver o Jay a morrer foi devastador, assim como assistir à sua família, todos os dias, sentada no hospital”, relembra o treinador, que nunca esqueceu o impacto emocional e financeiro que os aqueles meses causaram à família de classe média.
Nesse dia, Coughlin prometeu a si mesmo que, se pudesse, iria ajudar todas as famílias naquela situação que estivessem ao seu alcance.
Assim, em 1996, o treinador lançou o Tom Coughlin Jay Fund, uma organização de apoio a famílias com crianças que lutam contra o cancro. Desde aí, esta organização já angariou mais de 10 milhões dólares (cerca de 8,6 milhões de euros) e ajudou mais de 5 mil famílias.
“Quando se diz a uma família que o seu filho tem cancro, o mundo fica virado de cabeça para baixo. A criança sabe que os pais estão stressados, pois por mais que eles tentem disfarçar, ela sente-o. Por isso é necessário que os pais sintam que não estão sozinhos e que têm alguém a ajudá-los, nem que seja através do pagamento de hipotecas ou de alimentos. Uma vez que os pais saibam que há alguém que os ajuda, eles podem relaxar e informar a criança que o importante é que ela supere a doença. Esse é o papel que desempenhamos nesta organização”.
Coughlin diz que os meses que ele passou a assistir ao definhar do jovem McGillis lhe deram uma nova perspetiva da vida. Segundo o treinador, esses meses lembraram-no que, apesar das longas horas de estudo sobre o jogo que ser um treinador de futebol exige, não é uma questão de vida ou morte.
Para os seus jogadores, a devastação pela morte de McGillis mostrou que, sob o rude exterior, havia um ser humano que se importava.
Coughlin formou um vínculo estreito com a família McGillis, que persiste até hoje. Quando Jay estava doente, os jogadores começaram a recolher doações, tendo conseguido, na altura, mais de 50 mil dólares (cerca de 43 mil euros), valor que foi doado à família do jovem doente.
No funeral, vários meses depois, os seus companheiros de equipa encheram a capela.
“Não havia uma pessoa que não estivesse a chorar”, relembra o treinador, que naquele momento percebeu que a vida de um dos seus jogadores preferidos “não foi em vão”.
Atualmente, o Tom Coughlin Jay Fund trabalha na área metropolitana de Nova York e no norte da Flórida, lugares onde Coughlin se tornou um herói do futebol local. Muitas vezes, o treinador convida pacientes com cancro infantil a visitarem as instalações onde treina os seus jogadores; no final, oferece a cada um desses pacientes um gelado.
“Estas famílias fazem sacrifícios enormes, e nestes dias eu tento que tenham ‘uma folga do cancro’. Os pais podem divertir-se porque veem os seus filhos alegres”.
Setembro é o mês da Consciencialização para o Cancro Infantil, também conhecido como Setembro Dourado, e para marcar a ocasião, Coughlin juntou-se ao ex-vice-presidente Joe Biden e a Jill Biden, além da banda de rock Imagine Dragons para filmar um anúncio de serviço público que será transmitido na televisão.
A escolha destas personalidades prendeu-se com o facto de que o ex-vice presidente e a mulher perderam o seu filho para um cancro no cérebro, e porque os Imagine Dragons criaram a Fundação Tyler Robinson para combater o cancro infantil em homenagem a um fã de 17 anos, Tyler Robinson, que morreu de cancro em 2013.
“O Jay morreu jovem, mas sua vida não foi em vão. Ele já ajudou mais de 5 mil famílias. Todas essas pessoas sabem o nome dele e sabem porque foram ajudadas. E isso significa muito para mim”, disse o treinador.
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