“As nossas descobertas indicam que está na hora de reavaliar as políticas de saúde globais”, referem os investigadores da Escola de Saúde Pública e do Instituto George daquela universidade.
Num artigo publicado na revista Archives of Disease in Childhood, os investigadores lembram que “na Austrália, Estados Unidos e outros países desenvolvidos, 90% das crianças que sofrem com os tipos mais comuns de cancro sobrevivem a longo prazo, mas nos países em desenvolvimento essas taxas de sobrevivência caem para entre 5 e 40%”.
O estudo contraria a ideia de que os tratamentos nos países em desenvolvimento são mais dispendiosos, utilizando estudos de casos no Brasil e no Malawi para mostrar que o tratamento do cancro infantil pode ser considerado de muito baixo custo, “usando padrões mundiais aceites”, referem.
Os pesquisadores investigaram o equilíbrio entre custos e proveitos financeiros de saúde através do cálculo da relação custo-eficácia do tratamento de dois tipos de cancro pediátrico, como a leucemia linfocítica aguda e o linfoma de Burkitt no Brasil e Malawi.
“Em última análise, a decisão de tratar o cancro na infância em países periféricos é complexo e não depende apenas dos custos. Muitos tipos de cancros infantis são curáveis, mas a carga global das doenças muitas vezes para um país é menos visível do que, por exemplo, o VIH/sida ou a tuberculose “, dizem os autores do estudo, que recordam que, as baixas taxas de sobrevivência nestes países não têm necessariamente a ver com a escassez de recursos e os custos muito elevados, mas sim devido a muitos fatores, incluindo um diagnóstico tardio e a falta de políticas governamentais nesse sentido.
O estudo mostra que mesmo num curto espaço de tempo, um mês, os tratamentos no Malawi conseguem tratar 48% das crianças. Os custos da quimioterapia e cuidados de apoio, neste caso, foram conseguidos com menos do que 50 dólares (37,9 euros) por criança, o que representa menos de 1% do limiar calculado pela Organização Mundial de Saúde para os custos de um tratamento eficaz.
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