A 15 de março de 2019, levei a minha filha Zayleigh ao pediatra.
Há alguns dias que ela se queixava de dores nas costas e nos pés, e no dia anterior à consulta ela começou a desenvolver sintomas febris.
Na consulta, para além de exames ao sangue e à urina, também lhe fizeram um raio-X, mas os resultados vieram todos negativos.
“A sua filha não tem qualquer problema, deve ser apenas uma gripe passageira”, disseram-me.
No dia a seguir, a Zayleigh teve um pico de febre alta e, de repente, para além da febre, a minha filha começou a queixar-se de fortes dores de barriga.
Nesse mesmo dia, eu levei-a às urgências do Dallas Children’s Hospital. Depois de várias horas a soro, a fazer uma série de exames, desde raio-X a tomografia computadorizada, os médicos acharam melhor que a minha filha ficasse internada para observação.
No dia 18 de março, a Zayleigh foi submetida a mais exames. As dores tinham-se tornado insuportáveis.
No dia 19 de março, os exames revelaram algo que mudaria as nossas vidas: a minha filha tinha um neuroblastoma, que lhe ocupava já 70% do abdómen, estando a comprometer todos os seus órgãos.
Quando os médicos me deram a notícia, o meu mundo ficou de pernas para o ar. Não era possível.
Mais exames foram feitos e no dia 20 de março surgiu um novo revés: ao contrário do que se pensava anteriormente, a minha filha não tinha um neuroblastoma e sim um Ectomesenquimoma maligno, um tipo de cancro extremamente raro que, segundo os médicos, não é detetado através de análises comuns ao sangue.
Desde esse dia, a minha filha faz parte de um ensaio clínico, que a acompanhará até ao resto da sua vida. Através da minha filha, os cientistas irão aprender mais sobre este tipo de cancro e tentar descobrir a causa e como o curar.
Desde essa altura, até aos dias de hoje, a minha filha já chorou muito, já foi medicada com morfina, já fez vários ciclos de quimioterapias diferentes. O tumor já cresceu e já voltou a diminuir. A Zayleigh já deixou de conseguir andar e teve de fazer fisioterapia para reaprender tudo.
Todos os dias são uma incógnita, mas todos os dias continuamos a lutar. O cancro é uma doença horrível para a qual ninguém está preparado, mas que pode afetar qualquer pessoa, de qualquer idade.
O único conselho que posso dar aos pais é que confiem nos vossos instintos. Procurem uma segunda, terceira ou até quarta opinião médica até obterem as respostas de que precisam. Se eu não tivesse seguido os meus instintos, provavelmente a minha filha já não estaria ao meu lado.
Durante muito tempo, também achei que a culpa era minha. Que tinha sido eu a causa do cancro da minha filha. Mas não. Nós pais não temos culpa.
Os médicos explicaram-me que qualquer pessoa pode ter cancro, que todos nós estamos vulneráveis a desenvolver células cancerígenas que se dividem e se multiplicam.
A todos digo, estejam atentos.
Texto redigido por Shelbey Lane, a mãe da pequena Zayleigh
Fonte: Texarkana Gazette