A descoberta foi feita por investigadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que, em parceria com o Hospital Pediátrico da Filadélfia, analisaram casos de cancro da cabeça e pescoço pediátrico tratados entre 2010 e 2016.
Os investigadores encontraram taxas semelhantes no controlo dos tumores e menores taxas de toxicidade do que aquelas verificadas na radiação fotónica.
O trabalho foi publicado na Pediatric Blood and Cancer.
Os cancros da cabeça e do pescoço correspondem a cerca de 12% de todos os cancros pediátricos, e geralmente são tipos de tumor diferentes do que aqueles que afetam adultos. Para tumores sólidos como neuroblastoma e sarcomas de tecidos moles, o tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias, onde se incluem a quimioterapia, radiação e cirurgia. A radiação pós-operatória pode ser crítica, uma vez que os cirurgiões podem não ser capazes de remover completamente o cancro, dada a complexidade da região.
A sensibilidade da área também significa que os efeitos do tratamento podem diminuir a qualidade de vida do paciente devido a sintomas como perda de apetite, dificuldade de deglutição ou mucosite, geralmente em reação à quimioterapia ou à radiação.
Segundo a chefe do Serviço de Oncologia de Radiação Pediátrica do Hospital, e uma das investigadoras, essas preocupações “são especialmente importantes para abordar em pacientes pediátricos, uma vez que ainda estão em desenvolvimento e podem precisar lidar com efeitos secundários para o resto das suas vidas”.
Este estudo mostrou que os protões podem ser uma ferramenta importante para melhorar a qualidade de vida, quer durante o tratamento, quer nos anos a seguir, para esses jovens pacientes.
Os especialistas analisaram 69 pacientes pediátricos com cancro da cabeça e pescoço tratados com a terapia de feixe de protões entre 2010 e 2016; 35 desses pacientes sofriam de rabdomiossarcoma, 10 foram tratados para o sarcoma de Ewing, e os restantes 24 foram tratados para uma variedade de outros tipos de cancro que afetam as regiões da cabeça e pescoço.
Um ano após o tratamento, 93% dos pacientes ainda estavam vivos e 92% não experimentaram recidiva no local da doença primária.
As toxicidades, ou efeitos secundários, são medidos numa escala de um a cinco, sendo cinco o nível mais severo. Neste estudo, nenhum paciente estava acima do grau três, e as toxicidades mais graves nesse nível eram mucosite (4%), perda de apetite (22%) e dificuldade de deglutição (7%).
Apesar de existirem, estes números estão abaixo do que normalmente é associado à radiação fotónica.
Para os investigadores, os dados mostram que a terapia com protões não é apenas eficaz, como também é mais tolerável pelos pacientes; o estudo mostrou assim que o tratamento é seguro e oferece diretrizes de prática para a administração de terapia com protões na cabeça e pescoço na população pediátrica.
Os especialistas planeiam agora acompanhar esses pacientes para avaliar o controlo a longo prazo da doença e a toxicidade em desenvolvimento tardio.
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