A diretora do serviço de pediatra do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Lisboa (IPO de Lisboa) sublinha que as crianças que sofrem de doença oncológica e são assistidas naquela unidade não recebem tratamentos com células dendríticas por se tratar de uma terapêutica experimental e ainda sem fundamentação científica.
Filomena Pereira refere que estas terapêuticas com células dendríticas não são utilizadas no IPO de Lisboa devido à escassez de “fundamentação científica” e de diretrizes nesse sentido.
A especialista denuncia ainda a existência de “redes de negócio” paralelas à medicina convencional, comuns na Alemanha, que, na sua opinião, “pelo facto de serem chamadas alternativas, imediatamente se tornam em corpo e como corpo têm mais força, não só para embater com a medicina convencional, como para poderem ganhar dividendos de natureza vária”.
A responsável do IPO de Lisboa sublinha que existem apenas dois centros no mundo onde estes tratamentos com células dendríticas estão a ser testados de forma séria, um na Europa e um outro nos Estados Unidos, e cujas pesquisas têm por base alguns dados que indicam que as células dendríticas – que atuam ao nível do sistema imunitário – potenciam “alguns efeitos que mais não são do que prolongar alguns meses a vida de alguns doentes com determinado tipo de tumores, nomeadamente da próstata e alguns tipos de tumores cerebrais”.
A médica aponta as campanhas, as notícias mediáticas e os anúncios nas redes sociais que promovem a ida de crianças com cancro até clínicas onde são administradas as células dendríticas como um abuso “de exposição das crianças” que, muitas vezes, é preconizado pelas próprias famílias.
A diretora defende mesmo que estas “prejudicam” não só o trabalho dos profissionais do IPO, mas também os pais e os próprios doentes, no sentido em que lhes transmitem “insegurança e descrença” nos tratamentos realizados em Portugal e uma esperança excessiva nestes tratamentos experimentais.
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