Investigadores do Hospital Pediátrico da Filadélfia, da Escola de Medicina Perelman e da Universidade da Pensilvânia, todos nos Estados Unidos, analisaram a maior amostra de pacientes pediátricos com neuroblastoma de alto risco, tratados com terapia de radiação de protões.
Publicado no International Journal of Radiation Oncology, o estudo descobriu que a terapia com protões é eficaz na redução de tumores e demonstrou toxicidade mínima para órgãos adjacentes.
“Estes dados são extremamente encorajadores e podem muito úteis no futuro, por uma série de razões”, disse Christine Hill-Kayser, uma oncologista pediátrica ligada ao estudo.
“Não só observámos excelentes resultados e efeitos secundários mínimos que validam o uso da terapia com protões em pacientes com neuroblastoma de alto risco, como também respondemos a uma questão persistente: ‘será que por ser tão direcionada, a terapia de protões promove a recidiva dos tumores’?”.
“A resposta é não. A maioria dos tumores não recidivou, o que sugere que a terapia com protões é eficaz, menos tóxica e uma escolha superior para pacientes jovens que precisam de suportar tratamentos intensos e agressivos para conseguirem curar-se deste cancro de alto risco”, explicou a médica.
O neuroblastoma é o cancro mais comum em bebés e representa mais de 10% de todas as mortes por cancro infantil.
Os tumores primários do neuroblastoma são comummente tumores adrenais, que estão muito próximos do rim, fígado, pâncreas e intestino; esta localização torna o tratamento muito difícil, pois é quase impossível tratar estas crianças sem danificar os órgãos vitais.
O tratamento geralmente envolve uma combinação de terapias, incluindo quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
Os investigadores estudaram 45 pacientes com neuroblastoma de alto risco que receberam a terapia com protões entre 2010 e 2015. Ao contrário da radioterapia tradicional de fotões, que utiliza raios X, a terapia com protões é um tratamento não invasivo, e muito preciso, que usa um feixe de protões que se movem a velocidades muito altas para destruir o ADN das células cancerígenas, matando-as e impedindo a sua multiplicação.
Altamente direcionada, a terapia com protões parece ser um tratamento promissor para crianças com tumores muito pequenos, que pode reduzir a exposição à radiação de tecidos saudáveis em desenvolvimento.
5 anos após o tratamento, o mais longo período de estudo registado na maior amostra de pacientes até o momento, os investigadores observaram excelentes resultados, com 82% dos pacientes ainda vivos e 97% livres da recidiva do tumor primário.
As toxicidades, ou efeitos secundários, são medidos numa escala de 1 a 5, sendo 5 a mais grave; no estudo, nenhum paciente observado apresentou grau 3 ou 4 de toxicidade hepática ou renal aguda a longo prazo; a maioria dos pacientes apresentaram efeitos secundários de grau 1.
“Nós mostrámos que a terapia com protões não é apenas eficaz no tratamento de neuroblastoma de alto risco, mas também poupa os danos ao fígado, rins e intestinos em desenvolvimento que podem ocorrer em pacientes pediátricos expostos à radiação tradicional”, disseram os cientistas.
“Enquanto esperamos por dados mais abrangentes sobre estes pacientes, os excelentes resultados que vimos aqui, juntamente com o fato de que a abordagem com protões de precisão não aumentou as taxas de recorrência, apoiam o uso expandido da terapia com protões no combate ao neuroblastoma e a outros cancros infantis de alto risco”.
Estudos adicionais com acompanhamento prolongado e maior número de pacientes estão a ser planeados pelos cientistas.
Fonte: Eurekalert