St. Jude: o papel dos testes genéticos na luta contra o cancro infantil

Quando o St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, foi inaugurado, em 1962, o objetivo era claro: acabar com o cancro infantil.

Na época em que Danny Thomas fundou a instituição, as taxas de sobrevivência das que crianças diagnosticadas com cancro eram de apenas 20%. Após 58 anos de existência, essas taxas situam-se agora nos 80%.

Recentemente, em 2014, o hospital pediátrico integrou a terapia genética na sua prática para averiguar a predisposição ao cancro.

“A razão pela qual os testes genéticos podem ser úteis é que sabemos que entre 5 a 10% das crianças com cancro têm uma ‘síndrome de predisposição’, ou seja, nasceram com uma condição que as leva a ter um risco maior de desenvolver cancro”, explicou a médica e investigadora Gina Nuccio.

Gina é uma das fundadoras do Programa de Predisposição Genética ao Cancro, instaurado pelo St. Jude Children’s Research Hospital. Ter o conhecimento de uma predisposição à doença permite que Gina e a sua equipa determinem quais os cuidados adicionais necessários para aquela criança, algo que, de outra forma, estes pacientes não receberiam.

“Os testes em si não impedem que o cancro se desenvolva. Não é disso que estamos a falar. O objetivo é encontrar o cancro num estágio inicial, mais facilmente tratável. Queremos tornar o tratamento oncológico menos penoso para as crianças.”.

A forma mais comum de cancro infantil é a leucemia linfoblástica aguda; no St. Jude Children’s Research Hospital, informa a investigadora, as taxas de sobrevivência são de 95%.

Porém, não é apenas a criança que é afetada pelos testes genéticos realizados na instituição; estes temas, afirma Gina, têm um impacto familiar.

“Normalmente, se uma criança tem uma condição genética, é provável que outras pessoas da família também possuam essa condição; estamos a falar de pais, irmãos… Essas pessoas também podem fazer o teste no St. Jude. Podemos fazer uma triagem para garantir que eles permanecem saudáveis”.

Dependendo da idade, as crianças estão normalmente presentes quando os pais recebem os resultados; desta forma, podem ouvir a explicação que é dada pela equipa de Gina e participar numa discussão didática e apropriada à idade dos pacientes.

A investigadora admite que “é um desafio” lidar com as emoções familiares, especialmente quando as notícias são más, uma vez que isso envolve algumas preocupações psicossociais.

“Nós temos formação médica científica, mas também temos alguns treinos sobre como lidar com as famílias, sobre como dar más notícias, como ter conversas difíceis com as famílias. Isso, infelizmente, acontece muito aqui”.

Gina Nuccio descreve o campo dos testes genéticos como “relativamente pequeno, mas cada vez mais crescente, especialmente em importância”.

“Estamos a fazer aquilo a que o St. Jude Children’s Research Hospital se propôs no dia em que foi inaugurado: salvar crianças com cancro”.

Fonte: Bakersfield Now

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