Há cerca de 10 anos, o St. Jude Children’s Research Hospital e a Universidade de Washington divulgaram uma colaboração ambiciosa que pretendia identificar as mudanças genéticas que levavam ao desenvolvimento de alguns dos cancros infantis mais fatais do mundo.
O projeto, avaliado em 65 milhões de dólares (cerca de 58 milhões de euros), propôs-se a sequenciar, em 3 anos, o genoma completo de mais de 600 pacientes com cancro infantil.
Agora, uma década após o seu início, os cientistas acreditam que, graças a este trabalho, a pesquisa, o diagnóstico e o tratamento do cancro mudou. Para melhor.
“O Pediatric Cancer Genome Project teve um impacto enorme na maneira como tratamos os pacientes e na forma como, hoje em dia, os diagnosticamos no St. Jude. Teve um efeito incrível na maneira como pensamos e analisamos estes tumores e na forma como tomamos decisões ao nível de pesquisas que nos ajudem a melhorar a nossa capacidade de tratar estes pacientes”, disse James R. Downing, presidente do St. Jude Children’s Research Hospital e uma das pessoas por detrás do Pediatric Cancer Genome Project.
Com base no sucesso da primeira fase, foram angariados mais 30 milhões de dólares (cerca de 27 milhões de euros) para que o projeto pudesse ser estendido. A segunda fase foi construída em torno de dois esforços distintos: um projeto de descoberta e um projeto de genómica clínica.
Através dos esforços, os cientistas analisaram amostras de cancro de 300 crianças, estudando detalhadamente um pequeno número de diferentes tipos de leucemia, tumores cerebrais e tumores sólidos.
Este novo capítulo também tornou a sequenciação de próxima geração uma opção para todos os pacientes com cancro que fossem elegíveis e que estivessem em tratamento no St. Jude Children’s Research Hospital.
Graças aos resultados do Pediatric Cancer Genome Project, até ao momento, foram publicados mais de 30 artigos em revistas científicas de renome. Aqui ficam alguns destaques:
- Os cientistas concluíram e analisaram sequências genómicas inteiras de tumor e de tecido normal de cerca de 800 pacientes com cancro em tratamento no St. Jude Children’s Research Hospital com 23 tipos diferentes de cancro; para além disso, foi sequenciado o exoma e o transcriptoma de mais 1 200 pacientes.
- O Pediatric Cancer Genome Project rendeu descobertas inovadoras e importantes sobre tumores cerebrais, leucemia, tumores sólidos e cancro do sistema nervoso periférico. Os resultados incluíram exemplos impressionantes de alterações genómicas que destacam as diferenças marcantes que existe entre o cancro infantil e cancro em adultos.
- Muitas das descobertas feitas com este projeto foram incluídas em ensaios clínicos realizados pelo St. Jude Children’s Research Hospital e pelo Children’s Oncology Group, bem como em investigações realizadas um pouco por todo o mundo. As descobertas também alimentaram iniciativas do National Cancer Institute que serviram para desenvolver terapias específicas para o cancro infantil e para fornecer orientações para o tratamento medicamentoso de pacientes a nível individual.
- O Pediatric Cancer Genome Project revelou que cerca de 10% das crianças com cancro possuem mutações na linha germinativa, potencialmente herdadas, em genes conhecidos de predisposição ao cancro, uma descoberta que pode ter consequências para o tratamento, acompanhamento, famílias e filhos em potencial. Os resultados destacam a importância do sequenciamento genómico como parte do tratamento padrão de cancro pediátrico.
- Dados do projeto, ferramentas de visualização de dados, novos algoritmos analíticos e recursos biológicos foram todos compartilhados livremente com a comunidade global de cientistas; a peça central deste esforço foi o St. Jude Cloud, uma plataforma online de partilha de colaboração de dados.
Fonte: Newswise