Investigações recentes demonstraram que os sobreviventes de cancro infantil têm um risco significativamente maior de serem hospitalizados com uma infeção anos após o término do tratamento, em comparação com pessoas que não receberam um diagnóstico de cancro.
“Efetivamente, os protocolos de tratamento salvam vidas. Contudo, eles têm consequências indesejáveis, incluindo atrasos prolongados na reconstituição imunitária, o que deixa os pacientes vulneráveis a infeções, muito tempo depois do término dos tratamentos”, disseram os investigadores, num artigo publicado no Journal of Clinical Oncology.
Segundo os cientistas, esta vulnerabilidade faz com que as “infeções continuem a ser uma causa significativa de morbilidade e mortalidade para os sobreviventes de cancro infantil”.
Embora existam dados de investigações anteriores que detalharam o risco de infeção em crianças imediatamente após a conclusão do tratamento, as informações sobre o risco de infeção que leva à hospitalização em sobreviventes de cancro infantil de longo prazo muito limitadas.
Os cientistas analisaram dados de pacientes norte-americanos que foram diagnosticados com cancro antes dos 20 anos e que viveram por, pelo menos, cinco anos após o diagnóstico.
Os sobreviventes (que foram divididos em duas categorias: aqueles com histórico de cancro no sangue e aqueles com histórico de cancro não hematológico) foram comparados com indivíduos saudáveis da mesma idade e sexo.
O principal objetivo do estudo foi comparar a incidência de infeção associada à hospitalização ou óbito ocorrido cinco ou mais anos após o diagnóstico do cancro.
Os cientistas relataram a taxa de incidência por 1.000 pessoas-ano, que calculou a soma total do tempo que os pacientes passaram no hospital em comparação com a soma total do tempo em que os dados dos pacientes foram observados.
Em cinco anos, a taxa de hospitalização relacionada à infeção para sobreviventes de cancro foi de 12,6 por 1.000 pessoas-ano, em comparação com 2,4 por 1.000 pessoas-ano no grupo saudável.
Pacientes com cancro de sangue tiveram uma taxa ainda maior de hospitalizações como resultado de infeção, em 18,5 por 1.000 pessoas-ano.
As infeções bacterianas foram a causa mais comum de hospitalizações relacionadas à infeção em ambos os grupos de sobreviventes; os sobreviventes de cancro de sangue foram mais comummente ao hospital devido a infeções respiratórias, enquanto os sobreviventes de cancro não hematológico tiveram uma taxa semelhante de infeções respiratórias e geniturinárias.
Ambos os grupos experimentaram sepse, uma complicação potencialmente fatal que surge como resultado da resposta extrema do corpo a uma infeção.
As taxas de hospitalização relacionadas à infeção tenderam a diminuir em ambos os grupos 10 anos após o tratamento, embora os sobreviventes ainda tivessem uma taxa mais alta em comparação com o grupo de controlo que não tinha histórico de cancro – “uma descoberta consistente com investigações anteriores”, explicaram os autores do estudo.
Com estas descobertas, os cientistas enfatizaram que é crucial que os sobreviventes de cancro conheçam os sintomas das infeções e não hesitem em conversar com os seus médicos.
“É imperativo que os pacientes e os seus cuidadores sejam adequadamente aconselhados sobre esse risco de longo prazo, para que possam procurar atendimento médico oportuno para sintomas infecciosos, em vez de assumir que os sintomas podem ser gerenciados com uma abordagem semelhante à usada em crianças e adolescentes saudáveis”.
Fonte: Cure Today