Qual o papel dos tratamentos na incidência de cancros secundários?

A quimioterapia e a radioterapia são os tratamentos mais utilizados em casos de cancro infantil; graças a estas terapias, a maioria das crianças diagnosticadas com a doença conseguem sobreviver.

Ainda assim, o risco de estes sobreviventes desenvolverem um cancro secundário continua, em alguns casos, a ser elevado; por isso, cientistas Universidade do Minnesota, nos Estados Unidos, deram início a uma investigação que pretende ajudar a encontrar uma combinação ideal de terapias capaz de impedir esse flagelo.

Ao comparar os dados de 22 mil sobreviventes de cancro infantil, os investigadores descobriram, tal como esperado, que crianças tratadas com radioterapia de alta dose apresentavam riscos elevados de desenvolvimento de cancros secundários; ainda assim, alguns medicamentos quimioterápicos também aumentavam esse risco.

“Conseguimos identificar algumas relações dose-resposta muito interessantes entre as doses de quimioterapia e os riscos de os sobreviventes desenvolverem um cancro secundário”, disse Lucie Turcotte, oncologista pediátrica e autora principal do estudo.

O risco foi mais comum em pacientes que receberam quimioterapia à base de platina; segundo a pesquisa, pacientes que receberam quimioterapia alquilante tinham uma maior probabilidade de desenvolver cancro da mama, mais tarde na vida.

De uma forma geral, os medicamentos quimioterápicos interrompem os processos moleculares que permitem a multiplicação das células cancerígenas; só que, segundo os investigadores, os medicamentos que aumentam o risco de cancros secundários são também aqueles considerados mais eficazes.

“Isto significa que nós, enquanto médicos, e apesar de sabermos as consequências, temos que continuar a prescrever estes medicamentos, pelo menos até que sejam desenvolvidas novas terapias. Mas temos que estar atentos. Temos que monitorizar e acompanhar os pacientes de uma forma mais próxima”, explica Lucie.

O estudo tentou descobrir a incidência de cancros secundários em crianças que tinham recebido um primeiro diagnóstico de cancro entre 1970 e 1999; os resultados foram publicados no Journal of Clinical Oncology.

Quase 11% dos pacientes que receberam apenas radioterapia desenvolveram um cancro secundário mais tarde na vida; paralelamente, apenas 3,9% dos sobreviventes que tinham sido submetidos a apenas quimioterapia foram diagnosticados com um cancro secundário.

Segundo Lucy, o estudo foi também uma tentativa de descobrir se, com o passar do tempo, a probabilidade de sobreviventes de cancro infantil desenvolverem um cancro secundário tinha vindo a alterar-se; anos antes, a mesma equipa tinha levado a cabo uma pesquisa que mostrou a existência de uma associação entre radioterapia e a incidência de cancros secundários.

Futuramente, os investigadores irão analisar uma população mais recente de sobreviventes de cancro infantil para perceber qual o impacto da utilização de tratamentos mais modernos, como a terapia de protões ou a imunoterapia, na incidência de cancros secundários.

Fonte: Star Tribune

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