A ingestão elevada de açúcar pode aumentar o risco de envelhecimento prematuro em sobreviventes de cancro infantil, de acordo com um estudo apresentado na AACR Special Conference: Aging and Cancer.
Os cientistas usaram dados da plataforma St. Jude Lifetime (SJLIFE) para identificar 3 322 adultos sobreviventes de cancro infantil com idades entre os 18 e os 65 anos, que relataram a sua ingestão alimentar através de um Questionário de Frequência Alimentar – a ingestão de açúcar foi categorizada como açúcares totais, açúcares adicionados (todos os açúcares adicionados aos alimentos durante a preparação) e bebidas açucaradas (incluindo refrigerantes dietéticos e bebidas com sabor a frutas).
No estudo, de forma a avaliar o envelhecimento prematuro, foi usado um Índice de Déficit Acumulado (a razão entre o número de condições crónicas de saúde relacionadas à idade em cada sobrevivente para um total de 45 condições).
A ingestão média total de açúcar entre os participantes foi de 120 g/dia e a ingestão de açúcar adicionado de 71 g/dia; 41% dos sobreviventes consumiu bebidas açucaradas, pelo menos, uma vez por dia; 26% dos sobreviventes admitiu ingerir, pelo menos, um refrigerante por dia.
Cada aumento de 25 g/1 000 kcal na ingestão total de açúcar foi associado a um risco 31% maior de envelhecimento prematuro entre os sobreviventes com risco intermediário de envelhecimento. O consumo de duas, ou mais, refrigerantes por dia foi associado a um aumento de 54% no risco de envelhecimento prematuro entre os participantes com risco intermediário de envelhecimento, e a um risco 6 vezes maior de envelhecimento prematuro entre os sobreviventes de alto risco.
“O cancro infantil costumava ser uma doença fatal, mas com os recentes avanços no tratamento, hoje em dia, os sobreviventes de cancro infantil vivem muito mais tempo”, disse Yikyung Park, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
“Ainda assim, esta continua a ser uma população muito vulnerável. Os sobreviventes de cancro infantil desenvolvem condições de saúde relacionadas ao envelhecimento muito mais cedo e numa escala muito maior. Por isso, este estudo teve como objetivo entender se existem fatores modificáveis que pudéssemos direcionar para atrasar esse problema”.
Os cientistas concluíram que um maior consumo de açúcar e de bebidas açucaradas estava associado a um risco aumentado de envelhecimento prematuro em sobreviventes de cancro infantil.
“Estas pessoas devem limitar a ingestão de açúcar. Sabemos que fazê-lo nem sempre é fácil, e isso também deverá ser feito com a ajuda de especialistas, que devem ajudar estes sobreviventes a manter hábitos alimentares saudáveis”.
Fonte: MIMS Paediatrics