Sobreviventes: fragilidade contribui para declínio neurocognitivo

Cientistas do St. Jude Children’s Research Hospital, nos Estados Unidos, descobriram uma ligação entre a fragilidade causada pelo tratamento oncológico e o declínio neurocognitivo em sobreviventes de cancro infantil.

Os resultados da investigação foram publicados no Journal of Clinical Oncology.

Embora a fragilidade seja frequentemente associada a idosos, 8% dos jovens adultos sobreviventes de cancro infantil apresentam este sintoma.

Esta investigação confirmou que crianças submetidas a tratamentos oncológicos podem apresentar sinais de fragilidade, o que pode criar um início precoce do declínio neurocognitivo quando se tornam jovens adultos.

Segundo os cientistas, este trabalho poderá servir de base para novas investigações que tenham como objetivo prevenir esse declínio neurocognitivo.

“Acreditamos que a nossa investigação irá servir de alerta sobre este fenótipo de envelhecimento acelerado em sobreviventes jovens adultos. Isso vai tornar um pouco mais fácil para nós identificarmos os sobreviventes em maior risco de declínio neurocognitivo”, explicou AnnaLynn Williams, a principal autora da investigação.

“Podemos utilizar todas estas informações para projetar uma ampla intervenção que possa simultaneamente ajudar-nos a melhorar os sintomas de fragilidade em sobreviventes e promover o seu funcionamento neurocognitivo.”

O comprometimento neurocognitivo relacionado à doença oncológica está presente em até 35% dos sobreviventes do cancro infantil – esta condição pode influenciar todos os aspetos da vida destas pessoas, incluindo as suas atividades diárias.

Ao longo de 5 anos, os cientistas descobriram que os sobreviventes que experimentaram fragilidade relacionada ao tratamento tiveram declínios significativamente maiores na memória, atenção, velocidade de processamento e outras funções em comparação com os sobreviventes que não experimentaram fragilidade.

As quimioterapias intensivas que os sobreviventes experimentam durante a infância são conhecidas por contribuir para problemas de saúde mais tarde na vida.

“Infelizmente”, disse a investigadora, “a fragilidade é apenas um desses efeitos tardios do tratamento”.

Esta investigação utilizou dados do St. Jude Lifetime Cohort, uma plataforma que observa e acompanha sobreviventes de cancro infantil de longo prazo, que foram tratados no St. Jude Children’s Research Hospital e que são sujeitos a exames regulares de saúde ao longo da sua vida adulta.

Até ao momento, mais de 4 300 participantes e 580 controles passaram por avaliações de saúde abrangentes, que analisaram uma vasta gama de fatores, como função cardiovascular, função reprodutiva, função neuromuscular, função neurocognitiva e função psicossocial, entre outros.

“Uma vez que a fragilidade demonstrou contribuir para os défices neurocognitivos, torna-se cada vez mais evidente que lidar com a fragilidade pode ajudar esta população de pacientes. É por isso que o St. Jude Lifetime Cohort é tão importante”, afirmou Kirsten Ness, outra das investigadoras envolvidas nesta pesquisa.

Fonte: News-Medical

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