Sobreviventes: ferramenta de rastreio pode ajudar a prever risco de novo cancro mais tarde na vida

Cientistas do Hospital for Sick Children (SickKids) e do Montreal Children’s Hospital, ambos no Canadá, sugerem que uma ferramenta de rastreio usada para identificar a predisposição genética ao cancro também pode ajudar a prever quais os sobreviventes de cancro infantil em maior risco de desenvolver outros tipos de cancro mais tarde na vida.

As descobertas, publicadas no Journal of Clinical Oncology, podem “ajudar os médicos a considerar estratégias de vigilância mais precisas para sobreviventes de cancro infantil”, disseram os cientistas.

“Os sobreviventes de cancro têm um risco maior de desenvolver neoplasias malignas subsequentes, tumores que resultam de fatores genéticos e da exposição a terapias contra o cancro, como radiação e quimioterapia”.

Liderada por Paul Nathan e Noelle Cullinan, do SickKids, e por Catherine Goudie, do Montreal Children’s Hospital, a equipa de pesquisa usou uma ferramenta intitulada MIPOGG (McGill Interactive Pediatric OncoGenetic Guidelines) que usa algoritmos de decisão para identificar quais os pacientes que podem ter uma síndrome de predisposição ao cancro – uma doença genética que pode aumentar a probabilidade de estes desenvolverem um ou mais cancros.

Nesta investigação, os cientistas usaram MIPOGG para avaliar se a ferramenta poderia ajudar a prever quais os sobreviventes de cancro que estão em maior risco de desenvolver cancros subsequentes. A equipa descobriu que uma recomendação MIPOGG para avaliação genética estava associada a um risco aumentado de os pacientes desenvolverem neoplasias malignas subsequentes, além dos fatores de risco conhecidos de quimioterapia e radiação.

“Se formos capazes de identificar quais os sobreviventes de cancro infantil que têm uma maior probabilidade de desenvolver cancros subsequentes, podemos começar a desenvolver melhores estratégias de vigilância que sejam individualizadas”, explicou Paul Nathan.

De acordo com o cientista, “estas descobertas abrem a porta para o desenvolvimento de uma abordagem de precisão totalmente nova para o gerenciamento de pós-tratamento e vigilância para sobreviventes de cancro infantil.”

O estudo de base populacional analisou registos de 1 886 pacientes diagnosticados com cancro infantil, entre 1986 e 2015, incluindo 317 casos que desenvolveram neoplasias malignas subsequentes.

A equipa descobriu que a previsão de neoplasias malignas subsequentes pelo MIPOGG foi maior para certos tipos de cancro e em sobreviventes que não haviam recebido terapia de radiação.

“Até onde sabemos, esta é a primeira ferramenta validada capaz de prever um segundo cancro em pacientes oncológicos pediátricos. Isso pode mudar a jornada de sobrevivência para muitos pacientes e famílias e ajudar a priorizar os pacientes para avaliação genética, especialmente em ambientes com menor acesso a testes genéticos”, disse Noelle Goudie.

A equipa já definiu que as próximas etapas passarão pela avaliação do custo-benefício da ferramenta no apoio ao rastreio da síndrome de predisposição ao cancro.

“O SickKids tem defendido uma nova abordagem para a medicina pediátrica, chamada Precision Child Health. Encontrar ferramentas que apoiem as tomadas de decisões clínicas que podem ajudar a termos um diagnóstico precoce em sobreviventes de cancro é, sem dúvida, uma forma de alcançarmos esse objetivo”, rematou Paul Nathan.

A investigação foi financiada pela Cancer Research Society, pela Montreal Children’s Hospital Foundation, pelo Cedars Cancer Foundation / Sarah’s Funds for Cedars, pelo Pediatric Oncology Group of Ontario e pela SickKids Foundation.

Fonte: SickKids

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