Os tratamentos contra o cancro podem salvar vidas, mas também costumam causar uma série de efeitos secundários.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa realizada em sobreviventes de cancro, incluindo sobreviventes de cancro infantil, revelou de que forma se sentem estas pessoas relativamente a estes efeitos e sobre as lacunas de informação que existem atualmente.
De acordo com a American Cancer Society, cerca de um terço das pessoas que residem nos Estados Unidos desenvolverão cancro.
Cirurgia, quimioterapia e radioterapia são os três principais tipos de tratamento. Cada um pode ter vários efeitos secundários, que variam de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem experimentar poucos ou apenas efeitos leves, enquanto outras podem sofrer efeitos verdadeiramente debilitantes.
A radioterapia e a quimioterapia tendem a ter mais efeitos secundários, porque afetam células saudáveis e também cancerígenas. As pessoas submetidas a estes tratamentos geralmente relatam sofrer de fadiga, além da perda de cabelo. Outros potenciais efeitos secundários incluem náuseas e vómitos, alterações no apetite e no humor e problemas de sono.
A quimioterapia pode, em alguns casos, resultar em danos cardiovasculares ou nervosos a longo prazo, para alem de problemas de fertilidade.
Existem poucas estatísticas que estimem qual a percentagem de pacientes com cancro que experimentará efeitos secundários do tratamento. No entanto, de acordo com um artigo publicado no Journal of Oncology Practice, perto de um terço dos pacientes sentem que são necessárias mais informações sobre os possíveis efeitos secundários da quimioterapia, cirurgia e radioterapia.
Os autores pesquisaram mais de 400 pessoas norte-americanas que receberam radioterapia como tratamento contra um cancro, nos últimos 5 anos. Além da radioterapia, 41% dos participantes também receberam quimioterapia e 52% foram submetidos a cirurgia.
As descobertas revelaram que muitos dos participantes sentiram que não sabiam o suficiente sobre os seus efeitos secundários.
Essas pessoas tendiam a ser aquelas que experimentavam efeitos secundários graves, com probabilidade significativamente menor de se sentirem informadas que as que relatavam efeitos secundários mínimos.
Como parte da pesquisa, a equipa solicitou aos subgrupos de participantes que receberam mais de um tipo de tratamento que classificassem a gravidade dos efeitos numa escala de 0 a 100.
Os entrevistados classificaram a quimioterapia como a mais grave em termos de efeitos secundários, com uma pontuação média de 63. A cirurgia foi a segunda, com uma classificação média de 47, enquanto a radioterapia teve 45 pontos.
Cerca de 1 em cada 5 participantes desejou ter recebido mais informações sobre possíveis efeitos secundários antes de iniciar o tratamento.
No caso da cirurgia, os pacientes geralmente queriam saber mais sobre dormência, dor e danos nervosos.
Com a quimioterapia, os pacientes desejavam ter tido mais conhecimento sobre fadiga, danos nervosos e sintomas gastrointestinais; já em relação à radioterapia, os participantes sentiram a necessidade de mais detalhes sobre efeitos semelhantes, incluindo sintomas gastrointestinais e fadiga, além de irritação na pele.
Os autores examinaram a radioterapia com mais detalhes. Mais de um quarto dos pacientes relatou sentir-se mais fraco ou cansado do que o esperado. Quase um terço disse que o tratamento atingiu os seus níveis de energia de uma forma mais severa do que pensavam inicialmente.
Sem surpresa, esses efeitos secundários estavam entre aqueles com os quais as pessoas estavam frequentemente preocupadas antes de iniciar o tratamento.
As pessoas que experimentaram as três formas de tratamento contra o cancro tiveram uma probabilidade notavelmente maior de se sentirem pior do que o previsto em termos de dor, fraqueza e fadiga, em comparação com aquelas que receberam apenas radioterapia.
“O impacto pronunciado dos efeitos secundários decorrentes do tratamento em pacientes que recebem terapia combinada também sugere a necessidade de criar uma melhor coordenação entre as disciplinas oncológicas sobre o gerenciamento dos efeitos secundários, e melhorar os processos de consentimento informado nas terapias contra o cancro”, disseram os investigadores.
Finalmente, a pesquisa revelou as fontes de informação das pessoas sobre o tratamento.
Pouco mais da metade dos entrevistados perguntou ao médico de cuidados primários sobre as várias opções. 9 em cada 10 desses indivíduos disseram que o conselho do medico de cuidados primários era pouco importante na tomada de decisões.
De fato, cerca de um quarto dos pacientes usavam apenas este tipo de médico para aconselhamento e informação. Outros procuraram orientação em sites médicos, outros pacientes e grupos de apoio, junto com parentes e amigos.
Embora algumas experiências tenham sido as esperadas, os cientistas acreditam que “um aconselhamento mais profundo dos pacientes sobre estes efeitos pode ajudar-nos a preparar melhor os nossos pacientes para mudanças na sua qualidade de vida“.
Fonte: Medical News Today