Uma nova pesquisa pode ter aumentado as evidências existentes de que os sobreviventes de linfoma de Hodgkin enfrentam um risco elevado de desenvolver vários tipos de tumores sólidos a longo prazo.
Publicadas na revista CANCER, as descobertas podem ajudar a melhorar as diretrizes para o rastreio do cancro em sobreviventes da doença.
É sabido que os sobreviventes infantis com linfoma de Hodgkin têm um risco aumentado de, ainda durante a infância, desenvolver formas adicionais de cancro, incluindo cancros sólidos, mas a magnitude desse risco a longo prazo é desconhecida.
Por esse motivo, investigadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, analisaram 1 136 pacientes que haviam sido diagnosticados com linfoma de Hodgkin antes dos 17 anos, entre 1955 e 1986.
Durante o período de acompanhamento, de cerca de 26,6 anos, 162 indivíduos desenvolveram cancros sólidos.
Os investigadores determinaram que crianças que haviam sido diagnosticadas com linfoma de Hodgkin e que tinham sobrevivido, tinham um risco 14 vezes maior de desenvolver cancro a longo prazo, em comparação com a população em geral.
Para além disso, a incidência cumulativa de qualquer cancro sólido era de 26,4%, 40 anos após o diagnóstico do linfoma de Hodgkin.
Mulheres que tinham sido diagnosticadas com de linfoma de Hodgkin entre os 10 e os 16 anos de idade e que tinham sido sujeitas a radioterapia torácica, tinham maior probabilidade de desenvolver cancro da mama; já homens tratados com radioterapia torácica antes dos 10 anos de idade apresentaram maior risco de desenvolver cancro do pulmão.
Sobreviventes de linfoma de Hodgkin tratados com radiação abdominal/pélvica e agentes alquilantes de alta dose apresentaram um maior risco desenvolver cancro colorretal, e mulheres expostas à radiação cervical antes dos 10 anos de idade apresentaram maior risco de vir a sofrer de cancro da tireoide.
Aos 50 anos de idade, a incidência cumulativa de cancro da mama, pulmão, colorretal e tireoidiano foi de 45,3%, 4,2%, 9,5% e 17,3%, respetivamente.
“Neste estudo, fomos capazes de usar as caraterísticas clínicas, e do hospedeiro, para identificar os subgrupos de sobreviventes do linfoma de Hodgkin que eram particularmente vulneráveis ao desenvolvimento desses novos cancros”, disseram os cientistas.
As descobertas podem ser úteis para o desenvolvimento de estratégias de rastreio para sobreviventes individuais.