Sobreviventes de cancro pediátrico sofrem efeitos dos tratamentos ao longo de 30 anos

Um estudo recente liderado pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, conclui que, apesar das taxas de sobrevivência de cancro infantil terem aumentado exponencialmente nas últimas décadas, os efeitos secundários provocados pelos tratamentos podem sentir-se por muitos anos.
A equipa de Chan Huang, autor principal do estudo, trabalhou em parceria com pesquisadores do Hospital de Pesquisa Infantil St. Jude, também nos Estados Unidos, a fim de avaliar dados de 1 667 sobreviventes de cancro na infância que participam numa pesquisa que tem vindo a avaliar os impactos a longo prazo dos tratamentos sobre os sobreviventes de cancro pediátrico, medindo a sua qualidade de vida e as toxicidades associadas.
A pesquisa identificou os principais sintomas e classificou-os em 12 classes, incluindo problemas de coração, pulmão, dor de cabeça, costas e de garganta ou noutras partes do corpo, dificuldades de movimento, perda de cabelo, anomalias nos sentidos, dificuldades de aprendizagem e memória, depressão, ansiedade, e a prevalência de fatores mentais, como stress ou ansiedade, que podem gerar sintomas físicos.
As conclusões, publicadas no Journal of Clinical Oncology, indicam que cerca de 70% dos sobreviventes de cancro na infância sofrem com os efeitos da doença e do tratamento, mesmo ao fim de 30 anos. Em alguns casos, os efeitos tardios foram relatados até 40 anos após o diagnóstico e cerca de 25% dos participantes relatavam sofrer de seis ou mais sintomas.
Os sintomas mais comuns relatados entre os sobreviventes foram dor de cabeça, dores nas costas, pescoço e noutras partes do corpo, alterações de sensações e perda de cabelo. O estudo conclui que os ratings de qualidade física e mental dos sobreviventes eram menores e diminuíam por cada sintoma adicional indicado.
“A prevalência destes sintomas é responsável por uma enorme variação nos domínios físicos, mentais e sociais de qualidade de vida entre os sobreviventes. Se pensarmos que travar os sintomas é a chave para garantir a qualidade de vida dos pacientes, em seguida, podemos gerir melhor os seus sintomas, a fim de melhorar a sua situação funcional diária e qualidade de vida”, sublinha Chan Huang.
Através destes dados, os cientistas pretendem agora criar um conjunto de ferramentas com o objetivo de auxiliar os médicos a acompanharem os seus pacientes que sobrevivem a um cancro na infância, contribuindo para que tenham uma melhor qualidade de vida.
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