Em comparação com a população em geral, os sobreviventes de cancro infantil têm um risco aumentado de desenvolver transtornos psiquiátricos, de acordo com uma investigação publicada no Journal of Clinical Oncology.
Segundo os resultados da investigação, os sobreviventes de cancro infantil têm um risco maior de desenvolver transtorno do espectro autista, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtorno de stresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno depressivo e transtorno bipolar.
Os cientistas compararam 5 121 sobreviventes (crianças e adolescentes) com 51 201 indivíduos do grupo de controlo. Os sobreviventes tinham recebido diagnósticos de vários tipos de cancro, incluindo cancro linfático, cancro cerebral, cancro dos ossos, cancro da pele, entre outros.
Em comparação com os indivíduos que pertenciam ao grupo de controlo, os sobreviventes mostraram um risco aumentado para 6 dos 7 distúrbios avaliados.
O maior risco de diagnóstico de transtorno do espectro do autismo foi observado em sobreviventes de cancro dos ossos, dos tecido conjuntivo, da pele e da mama; já o maior risco de transtorno bipolar foi observado em sobreviventes de cancro linfático.
Por outro lado, sobreviventes de cancro cerebral mostraram uma maior propensão para transtorno de déficit de atenção/hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de stresse pós-traumático. Já o maior risco de transtorno depressivo foi observado em sobreviventes que haviam sido diagnosticados com cancro oral.
Os cientistas sugerem que o risco aumentado para transtornos psiquiátricos graves em sobreviventes de cancro infantil pode resultar dos efeitos dos tratamentos ou de uma predisposição genética partilhada entre certos transtornos psiquiátricos e a doença oncológica.
Assim, os investigadores concluíram que “os cuidados a longo prazo para esta população de sobreviventes, mais vulnerável, deve incluir intervenções psicossociais tanto para os próprios sobreviventes como para as suas famílias”.
“Os médicos devem estar cientes e atentos aos primeiros sinais de problemas de saúde mental nesta população de alto risco, para que assim possam providenciar intervenções precoces”.
Fonte: Cancer Therapy Advisor