Sobreviventes de cancro infantil podem enfrentar custos médicos elevados durante décadas

Um estudo realizado por investigadores norte-americanos revelou que os sobreviventes de cancro infantil podem enfrentar índices de despesas médicas bastante elevadas até atingirem a idade adulta.
Os investigadores do Hospital Geral de Massachusetts e da Escola de Medicina de Harvard, ambos nos Estados Unidos, examinaram dados de 580 adultos que tinham sido diagnosticados com cancro, em média, três décadas antes, enquanto eram crianças e 173 dos seus irmãos adultos.
No geral, um em cada 10 sobreviventes teve altos custos de saúde, gastando, pelo menos, 10% dos seus rendimentos em cuidados médicos; em contraste, aproximadamente 3% dos seus irmãos tiveram custos médicos altos.
Segundo os investigadores, muitos sobreviventes de cancro infantil desenvolvem condições de saúde crónicas, muitas vezes relacionadas com o cancro, ou com o seu tratamento, o que resulta na necessidade de cuidados médicos a longo prazo, colocando-os em risco de sofrerem revezes financeiros relacionados com os elevados custos de cuidados de saúde e tempo fora do trabalho.
Mais especificamente, aqueles com maiores custos foram mais propensos a estar desempregados, hospitalizados, terem condições médicas crónicas mais severas e menores rendimentos.
Os avanços no tratamento nos últimos anos ajudaram um número crescente de pacientes jovens a sobreviver ao diagnóstico, muitas vezes transformando a doença, de uma sentença de morte, numa doença crónica; mas melhores hipóteses de sobrevivência também significam riscos elevados de problemas de saúde como doenças cardíacas, insuficiência renal e novos tipos de cancro em idade adulta, observaram os investigadores no Journal of Clinical Oncology.
Para avaliar este impacto financeiro, os cientistas analisaram uma amostra aleatória de sobreviventes de cancro infantil e dos seus irmãos, em 2011 e 2012. Os sobreviventes faziam parte do Childhood Cancer Survivor Study, que inscreveu adultos tratados entre 1970 e 1986.
Os sobreviventes hospitalizados no ano anterior tiveram, pelo menos, duas vezes maior probabilidade de ter altos custos de saúde, concluiu o estudo.
Essas despesas avultadas também significam que os sobreviventes são muito mais propensos a ter dificuldades com os pagamentos, aferir cuidados para um problema de saúde, ignorar um teste ou tratamento, ou considerar a declaração de falência.
Uma limitação do estudo é que este foi realizado antes da plena implementação do Ato de Assistência Económica (ACA na sigla em inglês), observaram os cientistas; por esse motivo, os resultados não oferecem qualquer visão sobre como o ACA pode ter influenciado os custos para os sobreviventes.
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