Um novo estudo sugere que crianças sobreviventes de cancro enfrentam um maior risco de desenvolver doenças mentais, o que se pode traduzir numa carga mais pesada para os cuidadores.
Publicado no Cancer Journal, o relatório revela que os sobreviventes são mais propensos a experimentar distúrbios psicóticos em comparação com os seus homólogos sem a doença.
Os cientistas deste estudo reuniram uma amostra de sobreviventes de cancro infantil, que foram diagnosticados antes dos 18 anos e tratados num centro de cancro pediátrico canadiano, entre 1987 e 2008. Os autores calcularam as taxas de visitas de cuidados de saúde mental (médico de família, psiquiatra, departamento de emergência, hospitalização) e o risco de eventos graves de saúde mental (departamento de emergência, hospitalização, suicídio).
O estudo pareou 4 117 sobreviventes com 20 269 controlos, e os resultados foram comparados utilizando as análises de eventos recorrentes e sobrevida.
Taxas mais altas foram associadas a meninas, tendo sido diagnosticadas entre os 15 e os 17 anos.
O tipo de cancro, a intensidade do tratamento e os tratamentos direcionados ao sistema nervoso central não foram preditores significativos.
“Sobreviventes de cancro infantil tiveram 34% mais probabilidade de irem a consultas de saúde mental em comparação com a população em geral; por outro lado, esses mesmos sobreviventes também eram 13% mais propensos a experimentar eventos graves de saúde mental, como hospitalização ou suicídio”, concluíram os investigadores.
“Cada vez mais o cancro infantil pode ser curado, mas essa vitória geralmente vem acompanhada de danos a longo prazo, tanto físicos quanto mentais. Por essa razão, oncologistas e médicos em geral devem concentrar-se no rastreio e no fornecimento de recursos relacionados com a saúde mental aos sobreviventes de cancro, para que estes estejam preparados para lidar com as suas necessidades”, aconselham os especialistas.
As descobertas, esperam os investigadores, podem levar os formuladores de políticas de saúde a vincular programas anteriormente administrados separadamente.
Deixe um comentário