SIOP: “Na luta contra o cancro infantil, nenhuma criança pode ser esquecida”.

A comunidade europeia que se dedica à área da oncologia pediátrica divulgou 6 recomendações que pretendem melhorar o acesso à inovação e aos medicamentos destinados a crianças e adolescentes diagnosticados com cancro na Europa.

Apesar de toda a evolução que tem sido feita, a sociedade continua a ser desafiada com o fato inevitável de que o cancro continua a ser a principal causa de morte por doença na Europa em crianças com mais de 1 ano.

Na Europa, a cada 15 minutos, uma família recebe a devastadora notícia de que o seu filho tem cancro; por ano, são diagnosticados 35 mil novos casos e mais de 6 mil jovens morrem da doença.

Além disso, 60% dos atualmente 500 mil sobreviventes experimentam efeitos secundários a longo prazo.

Embora as terapias oncológicas para adultos estejam a evoluir, com a chegada de cada vez mais medicamentos inovadores, os pacientes com cancro infantil estão a ser esquecidos. Apesar dos novos medicamentos desempenharem um papel crucial na melhoria da qualidade e duração de vida de muitos pacientes com cancro infantil, infelizmente, esse progresso estabilizou.

Por outro lado, cada vez mais se verificam desigualdades persistentes no acesso a medicamentos novos e essenciais para crianças e adolescentes com cancro em toda a Europa. Para além da escassez de medicamentos ser um grande problema, existem ainda as barreiras financeiras observadas em vários países, principalmente no que diz respeito a medicamentos recém-aprovados que são muito caros.

De acordo com vários relatórios, existem diferenças de até 20% nas taxas de sobrevivência de crianças com cancro entre as várias regiões europeias.

O principal responsável, defendem os entendidos, é a falta de inovação. Devido à sua raridade individual, os cancros pediátricos têm visto uma inovação de mercado limitada. Quando se trabalha com este grupo de pacientes muito específico, verifica-se uma falta de investimento sustentável e de políticas que aumentem a capacidade de desenvolvimento de ideias inovadoras para o cancro pediátrico.

Não pode, nem deve, ser aceitável que, na Europa, o financiamento público para a investigação na área da oncologia pediátrica seja 10 vezes menor do que o observado nos Estados Unidos. É urgentemente necessário um maior financiamento, pelo que os especialistas urgem a que a Europa fortaleça a sua posição enquanto líder na pesquisa dedicada ao cancro infantil.

Embora se continuem a testemunhar problemas e desigualdades no acesso a medicamentos no tratamento padrão de doenças malignas pediátricas em toda a Europa, o novo Plano Europeu de Combate ao Cancro tem um grande potencial para gerar uma mudança positiva.

Tendo em conta este plano, os especialistas apelam a que haja um acompanhamento coordenado da implementação de todas as medidas pediátricas, com o objetivo de atingir o principal objetivo de curar mais crianças, curá-las melhor e combater as desigualdades.

Mas é legitimo que se questione qual a forma exata para promover esse progresso, que nos interroguemos sobre o porquê de as regulamentações existentes não estarem a proporcionar um ambiente mais favorável à investigação e ao desenvolvimento de novos medicamentos para o cancro infantil.

Nos primeiros 10 anos desde a implementação do Regulamento Pediátrico da União Europeia, apenas nove medicamentos anticancerígenos foram autorizados para uma indicação específica de cancro pediátrico, em comparação com mais de 150 para cancros em adultos.

Entre 2000 e 2016, 70% dos medicamentos oncológicos autorizados para adultos, e com potencial relevância para crianças, não foram explorados nesta população.

“Isso não é suficiente, porque continuamos a ter crianças e adolescentes que morrem de cancro por toda a Europa”, dizem os especialistas.

Juntamente com o Childhood Cancer International Europe, a SIOP Europe apresentou 6 Recomendações para o Cancro Pediátrico que devem ser urgentemente abordadas na revisão da legislação da União Europeia sobre medicamentos para crianças e doenças raras, e consideradas na implementação do Plano Europeu de Combate ao Cancro. São elas:

Recomendação 1: Alinhar os regulamentos com a ciência e as necessidades não atendidas das crianças

Recomendação 2: Garantir a inovação específica para crianças

Recomendação 3: Implementar a cooperação e a priorização de múltiplas partes interessadas como um padrão

Recomendação 4: Alocar investimento público no desenvolvimento da medicina para crianças

Recomendação 5: Alinhe o ambiente regulatório global

Recomendação 6: Garantir um acesso igual a novos e essenciais medicamentos oncológicos

Fonte: The Parliament Magazine

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