Investigadores da UCLA Health Jonsson Comprehensive Cancer Center (EUA) desenvolveram a maior coleção de organoides derivados de pacientes com sarcoma, que pode ajudar a melhorar a compreensão da doença e a identificar as terapias mais eficazes para cada paciente. A abordagem, descrita ao pormenor na revista Cell Stem Cell, utiliza as células tumorais dos próprios doentes que reproduzem as características únicas de cada tumor, permitindo aos cientistas analisar rapidamente um grande número de medicamentos para identificar tratamentos personalizados que possam ter como alvo este grupo raro e diversificado de cancros.
O sarcoma é uma doença rara e complexa, o que torna particularmente difícil a realização de ensaios clínicos para identificar tratamentos eficazes. Apesar de existirem “disponíveis várias opções terapêuticas, muitas vezes, não existe um método fiável e baseado em dados para determinar a melhor forma de atuação individual para um doente”, afirmou Alice Soragni, autora do estudo e professora assistente no Departamento de Cirurgia Ortopédica da David Geffen School of Medicine da UCLA.
“O teste de medicamentos com organoides tumorais derivados de pacientes tem potencial para ajudar a prever como um paciente pode responder ao tratamento, com o objetivo de melhorar os resultados dos pacientes”.
Embora os sarcomas, que podem desenvolver-se nos ossos ou nos tecidos moles, representem menos de 1% de todos os cancros, têm uma elevada taxa de mortalidade sobretudo entre os jovens. A raridade e diversidade dos tipos de sarcoma – mais de 100 subtipos distintos – torna-os difíceis de estudar. Também por isso, as resposta às terapias convencionais podem variar muito entre os doentes, o que torna difícil determinar o curso de ação mais eficaz para casa indivíduo.
Organoides podem ajudar a compreender como o tumor responde a medicamentos ou combinações específicas.
Para determinar se os organoides poderiam melhorar a compreensão da forma como o tumor de um doente pode responder a medicamentos ou combinações específicas, a equipa reuniu um biobanco de 294 amostras de 126 doentes da UCLA diagnosticados com 25 subtipos diferentes de sarcoma dos ossos e dos tecidos moles. Embora os organoides tumorais tenham sido amplamente utilizados para estudar carcinomas, este estudo é o primeiro da sua escala a alargar o desenvolvimento de organoides ao sarcoma.
A equipa reuniu um biobanco de 294 amostras de 126 doentes diagnosticados com 25 subtipos diferentes de sarcoma dos ossos e dos tecidos moles. Foram criados organoides tumorais a partir de mais de 110 amostras e feitas análises histopatológicas e moleculares pormenorizadas, para confirmar que os organoides mantinham as caraterísticas-chave dos tumores originais. Depois, submetidos a um rastreio de medicamentos de alto rendimento utilizando o pipeline de mini-anéis desenvolvido pela equipa, conseguiram testar centenas de medicamentos em formato 3D num curto espaço de tempo. Com este processo, identificaram pelo menos um tratamento potencialmente eficaz aprovado pela Food and Drug Administration (EUA) para 59% das amostras testadas.
“Isto dá-nos a capacidade de identificar quais os fármacos que têm maior probabilidade de funcionar num determinado doente, o que é crucial para uma doença tão complexa como o sarcoma”, refere o co-autor do estudo Noah Federman, Glaser Family Endowed Chair e diretor do Programa de Sarcoma Pediátrico de Ossos e Tecidos Moles do UCLA Health Jonsson Comprehensive Cancer Center.
“Estamos otimistas quanto ao facto desta abordagem conduzir a cuidados melhores e mais personalizados para aqueles que mais precisam.”, afirma Nicholas Bernthal, presidente e diretor médico executivo do Departamento de Cirurgia Ortopédica da UCLA.
Fonte: Medical Xpress