Ter um segundo cancro mais tarde na vida é comum em sobreviventes de cancro na infância, mas uma nova pesquisa aponta para o papel que os genes desempenham neste risco.
Uma investigação realizada pelo Hospital Pediátrico St. Jude, nos Estados Unidos, descobriu, através de um rastreio aos dados genéticos de um grupo de sobreviventes, que 11,5% destes possuem mutações que aumentam o risco de desenvolver um cancro subsequente.
O estudo foi apresentado na reunião da Associação Americana de Pesquisa do Cancro. Os investigadores examinaram 3 007 sobreviventes de cancro pediátrico que eram submetidos a avaliações médicas de rotina no Hospital St. Jude; cerca de um terço dos pacientes sofreram de leucemia em crianças e, aos 45 anos, 29% das pessoas desse grupo desenvolveram novos tumores, muitas vezes na pele, mama ou tiroide.
A equipa catalogou o ADN de cada sobrevivente e analisou 156 genes conhecidos como genes de predisposição ao cancro. Dos sobreviventes, 11,5% tinham uma mutação problemática num desses 156 genes.
Como alguns genes aumentam o risco mais do que outros, a equipa analisou mais pormenorizadamente um subconjunto de 60 genes em que uma cópia mutada é suficiente para causar a doença. Estes 60 genes também têm uma alta penetrância, o que significa que uma cópia mutada é altamente suscetível de desenvolver um cancro; quase 6% dos sobreviventes tinham uma mutação problemática num destes 60 genes.
Os sobreviventes foram separados tendo em conta o terem, ou não, recebido radioterapia enquanto crianças. Cerca de 17% dos sobreviventes não expostos à radioterapia tiveram uma mutação problemática no subconjunto de 60 genes. Estes sobreviventes tinham um risco aumentado para qualquer segundo cancro. Aqueles com uma mutação num dos 60 genes e que tinham feito radiação tiveram um maior risco para tipos específicos de segundos cancros: mama, tiroide ou sarcomas.
Com base nas novas estimativas de risco genético, a equipa sugere que os sobreviventes que não receberam terapia de radiação passem por aconselhamento genético no caso de se desenvolver um segundo cancro; este conselho também é recomendado “para os sobreviventes que desenvolvem um cancro da mama secundário, cancro da tiroide ou sarcoma num local que tenha recebido previamente radioterapia.
No futuro, a equipa pretende criar modelos de previsão que tenham em conta o tratamento, a genética e outras informações clínicas, a fim de colocar os sobreviventes em diferentes grupos de risco.
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