Um novo relatório publicado na revista Neuro-Oncology expôs uma realidade alarmante para crianças, adolescentes e famílias que lidam com um diagnóstico de cancro cerebral.
Desenvolvido pela Pediatric Brain Tumor Foundation, este relatório revelou que o cancro cerebral pediátrico é um dos mais prejudicados na área da oncologia pediátrica.
Segundo o relatório, que também teve como objetivo aumentar a consciencialização para a gravidade desta doença, nos últimos anos, o número de crianças e adolescentes com menos de 19 anos diagnosticadas com tumores cerebrais tem aumentado nos últimos anos, o que não se verifica em pacientes adultos, cujas incidência de diagnóstico e taxas de mortalidade têm diminuído.
Realizado nos Estados Unidos, o relatório também mostrou o aumento de disparidades significativas na incidência de diagnóstico e taxas de mortalidade entre os vários estados do país. Mais, foi também observado que crianças afro-americanas apresentam taxas de sobrevivência mais baixas do que as restantes.
Por outro lado, apesar de as taxas de mortalidade terem aumentado, o número estimado de crianças e adolescentes nos Estados Unidos que vivem com os efeitos secundários de tumores cerebrais aumentou 45% desde 2010.
Mesmo que a probabilidade de sobrevivência tenha diminuído, crianças e adolescentes diagnosticados com tumores cerebrais estão, em média, a viver mais. Esse aumento traz uma maior demanda por recursos de saúde e educação em cuidados paliativos para pacientes, sobreviventes e as suas famílias.
“Este relatório valida aquilo que nós temos vindo a defender há já muitos anos: o cancro infantil exige cada vez mais atenção e um maior investimento no desenvolvimento de novos tratamentos e recursos para as famílias dos pacientes”, disse Courtney Davies, presidente da Pediatric Brain Tumor Foundation.
“As tendências do cancro cerebral pediátrico estão a mover-se na direção oposta da do cancro cerebral em adultos, porque o cancro infantil não recebe o mesmo nível de atenção, investigação ou compromisso financeiro que os cancros de adultos. Temos que nos lembrar que estão vidas de crianças em jogo. A comunidade de investigadores, as empresas farmacêuticas e os formuladores de políticas de saúde têm que fazer mais”.
Segundo Courtney, existem mais de 120 tipos de tumores cerebrais que precisam de avanços no tratamento. Pequenas populações de pacientes para esses tipos de tumores individuais, amostras de tecidos insuficientes e a falta de financiamento levam a que haja uma compreensão incompleta desta doença.
O progresso em direção a tratamentos ou curas eficazes também é lento – os tratamentos desenvolvidos para populações adultas são ineficazes para crianças ou contribuem para complicações de saúde a longo prazo.
Como os tumores cerebrais pediátricos são um problema numericamente pequeno, os investigadores e as empresas farmacêuticas não são incentivados a estudá-los.
Contudo, o impacto de desenvolvimento, emocional e financeiro em crianças diagnosticadas com tumores cerebrais e as suas famílias é profundo.
Fonte: Pediatric Brain Tumor Foundation