Reino Unido inicia estudo mundial para tratamento do cancro infantil

Médicos e investigadores vão participar num ensaio clínico mundial faseado que irá testar soluções de tratamento para um dos cancros infantis mais comuns: o neuroblastoma.

O estudo, que envolve profissionais do Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha, vai analisar o fortalecimento do sistema imune do corpo com o objetivo de eliminar este tipo de cancro.

“O neuroblastoma afeta cerca de 100 crianças, a maioria com menos de 5 anos de idade, no Reino Unido todos os anos. Este tipo de cancro, que se desenvolve a partir de células nervosas imaturas, geralmente começa como um tumor no abdómen ou no peito. No entanto, em muitas crianças, ele espalha-se para outros locais do corpo, como ossos e medula óssea”, explicou um porta-voz da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

“Nesses casos, menos da metade dos pacientes são curados apesar do tratamento intensivo, que inclui cirurgia, quimioterapia, radioterapia e transplantes de estaminais”, continuou.

Recentemente, uma forma de imunoterapia conhecida como anti-GD2, que usa anticorpos para se ligar às células cancerígenas para que o sistema imune possa encontrá-las, combatê-las e destruí-las, mostrou potencial para melhorar as taxas de sobrevivência.

O novo estudo irá envolver uma combinação de mIBG, uma forma especial de radioterapia direcionada que fornece iodo radioativo diretamente para células do neuroblastoma, com duas terapias de anticorpos diferentes, pela primeira vez.

O porta-voz da universidade disse ainda que os investigadores estão a planear dar um curso inicial de radioterapia direcionada à mIBG, seguida pelas terapias de anticorpos Nivolumab e anti-GD2, durante um período de seis meses.

“Embora os estágios iniciais do processo de tratamento exijam que as crianças estejam hospitalizadas, espera-se que a terapia seja bem tolerada e que acabe por poder ser entregue em grande parte a um nível ambulatorial”, explicou.

“O objetivo do estudo é garantir a segurança da combinação para crianças com neuroblastoma, a fim de desenvolver novos estudos para compará-lo com os tratamentos atuais”.

Uma das investigadoras envolvidas no ensaio clínico lembrou que a imunoterapia com anti-GD2 aumentou o número de crianças com neuroblastoma que permanecem em remissão, tornando-se num componente padrão do tratamento; contudo, ainda existe um grande número de crianças que tem uma recidiva e acaba por falecer.

“O trabalho em laboratório mostrou que combinar esses tipos de anticorpos com radioterapia é uma potencial forma, muito poderosa, de erradicar os tumores do neuroblastoma e essas três diferentes terapias parecem funcionar em conjunto para gerar uma imunidade forte e protetora ao tumor”, disse a especialista.

“Este teste transatlântico será a primeira vez em que eles serão testados juntos. Estamos esperançosos de que a combinação de tratamentos irá melhorar substancialmente a taxa de cura de crianças com este tipo de cancro”, afirmou.

O ensaio de Fase 1 está a ser financiado pelas instituições Solving Kids ’Cancer, J-A-C-K e Band of Parents.

“O número de crianças afetadas com cancro é pequeno, e por isso, financiarmos uma pesquisa internacional colaborativa é a única maneira de melhorar as taxas de sobrevivência e encontrar uma cura para esta doença devastadora”, disse um dos responsáveis por uma das instituições envolvidas.

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