Linfoma de Hodgkin: radioterapia melhora sobrevida

Pacientes com linfoma de Hodgkin avançada que têm grandes tumores no momento do diagnóstico podem beneficiar de sessões de radioterapia após quimioterapia, mesmo quando já não existem vestígios da doença.

Os resultados foram apresentados durante a European Society For Radiotherapy and Oncology.

Aproximadamente entre 65 a 70% dos pacientes com linfoma de Hodgkin em fase avançada podem ser curados com 6 ciclos de quimioterapia ABVD (que inclui doxorrubicina, bleomicina, vinblastina e dacarbazina), com ou sem radioterapia subsequente.

Atualmente, no entanto, a adição de radioterapia é controversa.

Num comunicado antes da conferência, Mario Levis, coautor do estudo e oncologista da Universidade de Turim, em Itália, explicou que estes “pacientes muitas vezes podem ter 4 ou 5 décadas de expetativa de vida à frente deles. Mas, dada esta taxa de cura, o tratamento do cancro pode resultar num alto risco de complicações para muitos sobreviventes a longo prazo, por isso, é importante darmos aos pacientes o tratamento mais eficaz para o cancro ao mesmo tempo que tentamos minimizar os efeitos secundários tóxicos”.

Para investigar se a radioterapia após a quimioterapia ABVD fornecia qualquer benefício para esses pacientes, investigadores da Universidade de Bolonha e da Universidade de Turim, recrutaram 512 pacientes, entre 2008 e 2013, para um ensaio clínico intitulado HD0801.

Os pacientes que tinham sido tratados com sucesso na fase II do ensaio, e cuja PET mostrou não existir qualquer vestígio de cancro, foram selecionados para a parte da fase III, onde, ou receberam radioterapia ou não fizeram qualquer tratamento.

No total, a PET de 354 pacientes mostrou que estes estavam livres de cancro após o tratamento inicial; destes, 116 (32,7%) tinham lesões grandes no momento do diagnóstico e foram encaminhados para radioterapia ou nenhum outro tratamento.

Os investigadores descobriram que mais pacientes estavam vivos 3 a 5 anos mais tarde, sem que a sua doença piorasse (conhecida como sobrevida livre de progressão) se tivessem sido tratados com radioterapia do que aqueles que não a receberam.

“Descobrimos que 3 anos depois, 92% dos pacientes que receberam radioterapia ainda estavam vivos sem progressão em comparação com 82% dos pacientes que não receberam Depois de 5 anos, estes números foram 89% e 82% respetivamente. Isto sugere que pacientes com tumores grandes, que responderam afirmativamente a 6 ciclos de quimioterapia ABVD, podem ainda beneficiar da adição de radioterapia, com um benefício de sobrevida que varia de 7% a 10% em 3 e 5 anos.

Não serem sujeitos a radioterapia garante a prevenção dos efeitos secundários, mas, por outro lado, expõe 10% dos pacientes a um risco aumentado de recidiva e de toxicidade ainda maior devido às terapias exigidas quando a doença recidiva.

“Os resultados deste estudo não fornecem evidências definitivas sobre o papel da radioterapia após a quimioterapia para pacientes com linfoma de Hodgkin, mas o fato de que melhora a sobrevida entre aqueles que a receberam não pode ser negligenciado”, concluíram os autores.

Fonte: Eurekalert

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