Rabdomiossarcoma: exames de sangue vir a ser úteis para melhorar tratamentos

Um simples exame de sangue ser a chave para ajudar a orientar o tratamento de crianças com rabdomiossarcoma, de acordo com uma nova investigação realizada pelo Instituto de Pesquisa do Cancro, no Reino Unido.

Os cientistas descobriram que os exames de sangue de “biópsia líquida” podem detetar sinais de recidiva, avaliar a gravidade da doença e ajudar a orientar a escolha de medicamentos.

Cerca de três quartos das crianças avaliadas com exames de sangue antes do tratamento mostraram alterações genéticas importantes nos seus cancros, algumas das quais podem ter implicações para o tratamento das crianças.

Estas promissoras descobertas fazem parte de um estudo piloto colaborativo que já está a ser organizado para se tornar num ensaio clínico internacional.

O rabdomiossarcoma é um tipo raro de cancro que afeta principalmente crianças – menos de um terço dessas crianças que sofrem recidiva ou cujo cancro metastiza irá sobreviver.

A investigação envolveu amostras de sangue e tecidos de 28 pacientes com rabdomiossarcoma de diferentes centros da Europa, bem como estudos em ratos. Os cientistas avaliaram se a medição do ADN por células cancerígenas na corrente sanguínea poderia rastrear a progressão e a agressividade do tumor e ser uma alternativa mais rápida e menos dolorosa para as crianças do que as tradicionais biópsias de tecidos.

Publicada no Journal of Clinical Oncology – Precision Oncology, a investigação recebeu financiamento da Alice’s Arc, da KickCancer Foundation e da King Baudouin Foundation.

Antes de analisar amostras de pacientes, os cientistas avaliaram biópsias líquidas realizadas em ratos de laboratório – desta forma, foram capazes de detetar e monitorizar com sucesso o crescimento do tumor medindo o DNA tumoral circulante em ratos com rabdomiossarcoma. O estudo mostrou que os ratos podem ser usados ​​para testar estratégias de tratamento usando biópsias líquidas antes de estas serem testadas em pacientes.

Após a análise feita em ratos, os cientistas analisaram amostras de pacientes. Cerca de 18 crianças no estudo tiveram amostras de sangue recolhidas antes do tratamento e vários exames de sangue feitos durante o tratamento para rastrear a progressão da doença.

14 das 18 crianças avaliadas com exames de sangue antes do tratamento mostraram alterações genéticas importantes nos seus cancros. Algumas alterações genéticas podem alterar os cuidados terapêuticos, como mutações em genes chamados MYOD1 e TP53 que estão ligados à rápida progressão do rabdomiossarcoma (esses pacientes podem beneficiar de um tratamento mais agressivo).

Os cientistas também descobriram que os níveis de ADN cancerígeno que circula na corrente sanguínea antes do tratamento eram maiores em pacientes cujo cancro havia metastizado para os gânglios linfáticos e outras partes do corpo em comparação com pacientes onde não haviam sido verificadas metástases.

A investigação acredita que a deteção de níveis crescentes de ADN tumoral circulante no sangue prevê respostas nefastas ao tratamento. O uso de biópsias líquidas para monitorizar pacientes pode determinar com sucesso de que forma o tratamento está a funcionar e ajudar a identificar pacientes que podem precisar de mais intervenções.

Vários estudos mostraram que biópsias líquidas podem ser usadas para monitorizar cancros em adultos, como os cancros da mama ou da próstata – contudo, as investigações que analisaram o seu uso em cancros infantis são mais limitadas. Este estudo de viabilidade mostra os benefícios potenciais do uso de biópsias líquidas para monitorizar o rabdomiossarcoma.

Embora os resultados sejam promissores, o estudo piloto envolveu um pequeno número de pacientes, pelo que os cientistas alertam que os resultados devem ser validados num ensaio clínico maior – que eles já planeiam lançar internacionalmente no próximo mês.

Fonte: IRC

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