Uma equipa de investigadores do Children's National Health System, nos Estados Unidos, foi responsável por um estudo que analisou uma proteína derivada do parasita Schistosoma haematobium.
Através dessa proteína, os investigadores acreditam que serão capazes de criar uma molécula terapêutica que reduza o sangramento e a dor associada à cistite hemorrágica induzida por quimioterapia.
Nos Estados Unidos, cerca de 400 mil pacientes recebem ciclofosfamida e ifosfamida, todos os anos; estes fármacos quimioterápicos comuns são usados para tratar uma ampla variedade de cancros pediátricos. Contudo, cerca 40 por cento dos pacientes tratados desenvolvem cistite hemorrágica, uma condição debilitante caracterizada por uma inflamação severa na bexiga.
“A infestação de Schistosoma Urogenital, que é causada pelo S. haematobium, também provoca cistite hemorrágica, quando os ovos do parasita, que contém proteínas incluindo IPSE, são depositados na parede da bexiga ou quando os ovos passam da bexiga para a corrente urinária”, disseram os investigadores.
Publicado no FASEB Journal, este é o primeiro estudo a explorar uma molécula modulatória do hospedeiro derivada de uropatogénio num modelo clinicamente relevante de doença da bexiga.
A IPSE liga-se à imunoglobulina E (IgE), um anticorpo produzido pelo sistema imunológico que é expresso na superfície dos basófilos e dos mastócitos, e “sequestra” as quimiocinas, proteínas sinalizadoras que alertam as células para locais de infeção. A equipa produziu um ortólogo da proteína derivada do uropatogénio. Uma única dose mostrou-se superior às doses múltiplas do padrão atual de tratamento, na supressão da hemorragia da bexiga induzida por quimioterapia num modelo experimental.
“Tendo em conta que a gama atual de medicamentos usados para tratar a cistite hemorrágica tem deficiências, existe uma necessidade de novas opções terapêuticas”, alertaram os cientistas, que acreditam que “outros projetos de pesquisa em andamento têm o potencial de expandir ainda mais as opções de tratamento dos pacientes, utilizando outras moléculas imuno-moduladoras urogenitais derivadas do parasita para tratar doenças inflamatórias intestinais e distúrbios autoimunes”.
Pesquisas futuras terão como objetivo descrever os mecanismos moleculares precisos da ação, bem como gerar outros ortólogos que aumentem a eficácia e, ao mesmo tempo, reduzam os efeitos secundários.
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