Portugal: associações pedem comparticipação total de fórmulas para nutrição entérica

“Quando a alimentação oral deixa de ser possível ou é insuficiente para satisfazer as necessidades nutricionais, causando malnutrição, é necessário recorrer à nutrição clínica, nomeadamente à nutrição entérica, que pode ser administrada através de suplementos nutricionais orais ou por sonda”.

Por este motivo, recentemente, cerca de duas dezenas de associações de doentes lançaram uma petição pública a exigir a comparticipação a 100% das fórmulas para nutrição entérica, uma medida que beneficiaria cerca de 114 mil pessoas com risco nutricional ou de malnutrição.

Estas associações pretendem a comparticipação total sempre que estas fórmulas nutricionais sejam prescritas através do Serviço Nacional de Saúde (SNS); na petição são referidas fórmulas nutricionais completas ou incompletas, adaptadas a doenças, distúrbios ou problemas de saúde específicos e destinadas à nutrição entérica.

Além de comparticipadas na totalidade pelo Estado, as associações querem que estas fórmulas sejam dispensadas numa farmácia comunitária próxima da residência do doente, facilitando o acesso.

Entre as associações signatárias, encontram-se a APDI – Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino, Colite Ulcerosa e Doença de Crohn, a SPEM – Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla, a Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica, a Europacolon Portugal, a Associação Nacional Cuidadores Informais, a Associação Portuguesa dos Doentes de Huntington, a Alzheimer Portugal, a Associação Portuguesa de Neuromusculares e a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

Se, por um lado, hoje em dia, as pessoas que necessitam da nutrição entérica, “são obrigadas a pagar do próprio bolso estes produtos, o que, em média, pode chegar a centenas de euros por mês”, por outro, nem sempre é fácil encontrar os produtos de que necessitam no mercado, “o que leva muitas pessoas a recorrer à compra ‘online’, que nem sempre é garantia de qualidade e de segurança”.

Mais, dado o custo elevado destas fórmulas em ambulatório, o acesso às mesmas torna-se limitado, tendo “consequências significativas na qualidade de vida e tratamento da doença”.

A petição afirma que, só em Portugal, existem cerca de 114 mil doentes em risco nutricional ou malnutridos e que podem necessitar de apoio nutricional.

O impacto da malnutrição pode significar risco de complicações no internamento superiores a 19,3%, prolongamento do tempo de internamento hospitalar em cerca de 30% e uma taxa de mortalidade global 12 vezes superior, comparativamente com as pessoas adequadamente nutridas.

Por fim, as associações alegam ainda que a pressão sobre os serviços de saúde é grande, apontando para um aumento de 15% das readmissões hospitalares, de 65% das consultas nos cuidados de saúde primários e dos tempos de internamento hospitalar, além da maior despesa em medicamentos e de maiores cuidados de enfermagem.

Fonte: DNoticias

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