Investigadores do Masonic Cancer Center da Universidade de Minnesota e da U of M Medical School, nos Estados Unidos, descobriram que a exposição à poluição do ar e a zonas verdes perto do domicílio pode ter impacto no desenvolvimento do cancro infantil. O estudo foi publicado no Journal of the National Cancer Institute.
O estudo de base populacional avaliou mais de 6 000 crianças com cancro e 109 000 crianças sem cancro no estado norte-americano do Texas. O estudo descobriu que, entre 1995 e 2011, o aumento da exposição a partículas finas (PM2,5) durante o ano de nascimento aumentou o risco de desenvolver qualquer cancro infantil e, especificamente, leucemia linfoide, linfoma, ependimoma, retinoblastoma e carcinoma da tiroide.
“Como epidemiologista do cancro infantil, estou sempre preocupada em identificar fatores que aumentam o risco de desenvolvimento de cancro em crianças. Há evidências crescentes de que a poluição do ar durante a gravidez e o desenvolvimento fetal aumenta o risco de desenvolvimento de algumas doenças em crianças, incluindo o cancro”, afirmou Lindsay Williams, médica, professora e investigadora.
Williams verificou que a identificação de fatores de exposição específicos que poderiam diminuir o risco de desenvolver cancro infantil revelou-se um desafio no passado, uma vez que havia muitos poucos identificados até à data.
A sua equipa decidiu então examinar as exposições ambientais que poderiam reduzir o risco de desenvolver cancro infantil. Para isso, avaliaram a associação entre zonas verdes próximas da residência – ou densidade de vegetação ao redor da casa – e risco de cancro infantil, uma vez que as plantas podem remover até 20% das PM2,5 do ar.
Os resultados indicaram que o aumento da exposição à vegetação residencial reduziu o risco de desenvolver ependimoma e meduloblastoma, os dois tumores cerebrais malignos mais comummente diagnosticados em crianças. Estas associações para PM2,5 e espaços verdes também permaneceram depois de contabilizadas ambas as co-exposições nos modelos estatísticos da equipa, sugerindo que estas exposições modulam independentemente o risco de alguns cancros infantis.
Williams e a sua equipa sublinham que estas exposições à poluição atmosférica e, inversamente, a espaços verdes são fatores de risco potencialmente modificáveis que poderiam ser visados como estratégias de redução e prevenção de riscos através de medidas políticas e/ou através de mudanças no ambiente, tais como a plantação de mais árvores e vegetação.
Estão também já em curso novos estudos para analisar o momento mais específico das exposições durante a gravidez e outros poluentes atmosféricos para compreender melhor como a composição da poluição atmosférica, que é uma mistura química complexa, tem impacto no desenvolvimento do cancro infantil, explicaram os cientistas.
Fonte: News Medical