O medicamento antidepressivo Prozac pode vir a ser usado para combater um dos tumores infantis mais agressivos e, possivelmente, outros tipos de cancro, de acordo com um estudo realizado pela Universidade Brunel, no Reino Unido.
A investigação mostrou que a fluoxetina – o nome químico do Prozac – é eficaz no tratamento do neuroblastoma, um cancro altamente agressivo, que é mais comum em crianças pequenas; a descoberta pode vir a poupar jovens pacientes de receberem tratamentos tóxicos, como a quimioterapia ou a radioterapia.
“O Prozac mostrou ter potencial para ser usado em crianças com neuroblastoma como um novo e eficaz medicamento anticancerígeno, com uma menor toxicidade do que a encontrada nos atuais tratamentos contra o cancro”, disseram os investigadores.
Publicado na revista Oncogenesis, o estudo mostrou que o Prozac pode estabilizar uma proteína codificada pelo gene CDKN1B que elimina células de neuroblastoma e retarda o seu crescimento. E, crucialmente, as doses necessárias são seguras para as crianças, o que é considerado pelos cientistas como “um grande avanço clínico”.
Os investigadores descobriram um número significativamente menor de metástases em órgãos como fígado, rins e medula óssea em ratos tratados com Prozac; a ideia de usar este medicamento para o tratamento do cancro surgiu depois de estudos anteriores terem descoberto que, a longo prazo, pessoas em tratamento para doenças psicóticas têm taxas mais baixas de incidência de cancro.
Em parceria com a Universidade D’Annunzio de Chieti, em Itália, os cientistas fizeram a descoberta usando uma ferramenta de edição de genes chamada CRISPR, que permitiu que eles alvejassem o gene CDKN1B, regulado negativamente em cancros com mutação do oncogene MYC, como o neuroblastoma.
“O Prozac tem como alvo células cancerígenas que expressam o MYC, pelo que acreditamos que ele também poderá servir para o tratamento de outro tipo de cancros com alta expressão de MYC como, por exemplo, o cancro da próstata e da mama”.
O neuroblastoma é o cancro mais frequentemente diagnosticado no primeiro ano de vida e é responsável pela maioria das mortes por cancro em bebés.
Mesmo com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, o paciente médio com doença metastática de alto risco vive menos de 3 anos. A recidiva é comum, pelo que encontrar um medicamento menos tóxico para prolongar a remissão pode mudar a vida dos pacientes.
Os cientistas acreditam que os resultados da investigação “justificam a abertura de ensaios clínicos nos quais os tratamentos a longo prazo com Prozac podem ser incluídos nas terapias de consolidação ou pós-consolidação em pacientes com alto risco de recidiva da doença”.
Fonte: Medical Xpress