Pistas genéticas podem ajudar a prever o risco de falhas no tratamento de pacientes com leucemia

Uma nova investigação conjunta, realizada pela University College London e pelo Great Ormond Street Hospital, ambos no Reino Unido, que procura para prever quais os pacientes com leucemia infantil que correm um maior risco de não responder bem à quimioterapia pode vir a permitir que os médicos refinem as estratégias de tratamento para oferecer a melhor probabilidade de sucesso.

O estudo, publicado no Journal of Clinical Oncology, combinou os resultados de testes feitos no Reino Unido entre 2003 e 2019 para observar quais os pacientes com piores resultados – de seguida, os cientistas usaram a sequenciação do genoma para procurarem pistas genéticas que poderiam ser usadas para prever esse risco em futuros pacientes.

A equipa espera que estas pistas genéticas possam ser usadas para identificar pacientes de alto risco precocemente, que podem ser elegíveis para participar em ensaios clínicos para as imunoterapias mais recentes, como a terapia com células CAR-T.

A leucemia linfoblástica aguda é o tipo de leucemia mais comummente diagnosticada em crianças; este tipo de cancro divide-se 2 subtipos, leucemia linfoblástica aguda de células B e leucemia linfoblástica aguda de células T. Atualmente, as terapias convencionais para leucemia linfoblástica aguda incluem quimioterapia e transplante de medula óssea.

Contudo, pacientes diagnosticados com leucemia linfoblástica aguda de células T têm até 3 vezes mais probabilidade de não responder bem à terapia, quando comparados com pacientes diagnosticados com leucemia linfoblástica aguda de células B. Quando os pacientes não respondem bem à terapia, vêm-se, muitas vezes, confrontados com o problema de existirem menos opções de tratamento disponíveis.

Mas esse facto pode estar prestes a mudar, com ensaios clínicos em andamento para imunoterapias altamente promissoras, como a terapia com células CAR-T. Essa técnica foi usada recentemente por cientistas da University College London e do Great Ormond Street Hospital para tratar um paciente com uma “leucemia linfoblástica aguda de células T incurável”, cujos tratamentos iniciais tinham falhado. Um ano após o início do tratamento, o paciente ainda se encontra livre de cancro.

Para esta nova investigação, a equipa analisou dados de 2 ensaios clínicos que envolveram pacientes com leucemia linfoblástica aguda tratados no Reino Unido entre 2003 e 2019 – o objetivo: acompanhar os pacientes e identificar os fatores de risco associados ao fracasso do tratamento convencional.

As células desses pacientes foram sequenciadas com o genoma inteiro para procurar marcadores genéticos associados a maus resultados e que podem ser usados para prever o risco de falha do tratamento convencional em pacientes futuros.

Os cientistas descobriram que 1 em cada 5 pacientes mais velhos, neste caso adolescentes e jovens adultos, apresentava um mau resultado em comparação com apenas 1 em cada 10 pacientes mais jovens.

Ao analisar os dados, os cientistas descobriram que mutações nas vias moleculares TAL1, MYC e RAS poderiam ser usadas para quantificar o risco de falha do tratamento de um paciente.

“A estratificação genética, ou seja, a análise do genoma de um paciente utilizada para avaliar o risco de certos resultados, tem sido usada com sucesso para melhorar o tratamento contra a leucemia linfoblástica aguda de células B – mas, até agora, não tínhamos os dados necessários para replicar o processo em casos de leucemia linfoblástica aguda de células T. Os nossos resultados podem identificar um grupo de pacientes de alto risco com menor probabilidade de responder bem à quimioterapia. Mas a verdade, é que todos os pacientes com leucemia infantil no Reino Unido passam por uma sequenciação do genoma completo quando são diagnosticados”, explicaram os cientistas.

“Cerca de 10% dos pacientes pediátricos com leucemia linfoblástica aguda de células T não respondem à quimioterapia inicial e a sua probabilidade de recidiva é duas vezes maior do que em casos de pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células B. Isso é agravado pelo fato de que há menos opções de tratamento para pacientes com leucemia linfoblástica aguda de células T com recidiva – ou seja, nestes pacientes é ainda mais importante fornecer o tratamento que dará as maiores probabilidades de remissão. Os marcadores genéticos que identificámos neste estudo vão-nos permitir fornecer a melhor estratégia de tratamento”.

Fonte: Medical Xpress

Este artigo foi úlil para si?
SimNão
Comments are closed.
Newsletter