Países unem forças para combater o cancro infantil

O cancro é uma doença feia.

E ainda se torna mais feio quando é diagnosticado em crianças e jovens que são incapazes de entender o porquê do seu próprio corpo os ter traído.

Foi o que aconteceu com Joshua Koh quando, aos 6 anos, foi diagnosticado com leucemia.

Jacqueline, a mãe do rapaz, hoje com 12 anos, acredita que, apesar de os pais não lhe terem contado na altura, “ela, de certa forma, entendeu”.

“Ele viu o estado em que eu e o pai dele estávamos. Conseguia ver a nossa tristeza, e foi assim que soube que algo de mau se estava a passar com ele”, conta.

Quando os pais decidiram contar a verdade, que Joshua tinha leucemia, o rapaz não reagiu bem. Ele não quis aceitar que algo de errado se estava a passar no seu corpo, e não queria fazer tratamentos.

Jacqueline relembra que um dos momentos mais duros foi quando o seu filho lhe perguntou porque é que tinha sido ele o escolhido pela leucemia, mas a resposta teimou em não aparecer.

Porque, simplesmente, não há motivo.

“Ele disse-me que não queria morrer. Essa era a principal preocupação do Joshua. E foi por isso que ele decidiu que queria ser tratado. Queria ficar bem, queria ficar vivo”, recorda a mãe que, no entanto, nem sempre acreditou no tratamento a que o seu filho era sujeito.

“De todas as vezes que ele recebia a quimioterapia, ele ia-se abaixo. E eu via aquilo tudo, e só pensava ‘Meu Deus, eu estou a dar veneno para o meu filho’. Muitas vezes questionei-me sobre se o tratamento seria o caminho correto”.

Mas hoje, Joshua é um jovem mais saudável. Em remissão, o rapaz enfrenta agora outras provações: os anos que recebeu quimioterapia e esteroides enfraqueceram o seu corpo, pelo que atualmente ele recebe tratamentos para a osteoporose.

O caminho para a recuperação total pode ser longo, mas Joshua não vai desistir.

E esta é uma entre muitas histórias de cancro infantil.

Mas agora, os Estados Unidos, a China e Singapura estão a unir-se para tentar combater esta doença.

A Fundação VIVA, com sede em Singapura, anunciou que está em andamento uma colaboração entre várias organizações de saúde destes países que pretende aumentar as taxas de cura do cancro infantil, principalmente na Ásia.

Embora a Ásia tenha a mais baixa taxa do mundo no que diz respeito à incidência do cancro em geral, a taxa de mortalidade dos pacientes é maior do que em qualquer outra região, de acordo com uma pesquisa realizada em 2016, pela Universidade da Malásia.

A taxa pode ser ainda maior quando se fala de crianças com cancro; alguns médicos também estimam que 50 por cento dos casos de cancro infantil na Ásia não são diagnosticados, especialmente em áreas menos desenvolvidas.

“Nos Estados Unidos, mais de 80% das crianças com leucemia podem ser curadas, mas nos países em desenvolvimento a taxa de cura é inferior a 20%”, disse Anselm Lee, especialista em oncologia pediátrica.

“No total, 75% dos pacientes com cancro infantil residentes nos EUA e em Singapura podem sobreviver a longo prazo. No entanto, nos países em desenvolvimento, o número de sobreviventes de cancro infantil é muito diminuto”, acrescentou o médico.

A cooperação entre os 3 países trabalhará em conjunto em projetos de pesquisa conjuntos e irá tentar que os resultados positivos obtidos nos Estados Unidos e em Singapura sejam replicados por toda a Ásia; para isso, a parceria irá apoiar, desenvolver e proporcionar a capacitação e a educação dos profissionais de saúde.

Mais pesquisas dedicadas ao cancro infantil também iriam acelerar o cronograma para aumentar as taxas de cura para as crianças, de acordo com Jennifer Yeo, presidente da Fundação VIVA, cujo filho foi diagnosticado com leucemia quando tinha apenas 3 anos de idade.

A criança recebeu um transplante nos Estados Unidos e hoje frequenta o quinto ano do curso de medicina. E foi o exemplo do seu filho que levou Jennifer a criar a Fundação VIVA.

“Este é um marco muito importante na história da oncologia pediátrica na Ásia. Esperamos ajudar a colmatar o fosso que existe entre os Estados Unidos e a China. Os Estados Unidos têm uma taxa de cura muito elevada no cancro infantil, o que não acontece na China onde as taxas são mais baixas, mas o número de crianças diagnosticadas é maior”, disse.

Fonte: CGTN

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